quinta-feira, 18 de março de 2021

 

Convocatória coiso e tal.

Anda aí uma onda muito inflamada sobre as convocatórias para as selecções. Também queria dizer umas palavras, mas encontro-me sempre a ir para palavras já ditas.



E pronto. É isto. A coisa boa dos jogos das selecções é que abrem uma pausa no tormento que é ver o futeluso.

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

 

A Túnica curta de Jesus

Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será. Isso foi assim para que se cumprisse a Escritura, que diz: Dividiram entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes. Os soldados, pois, fizeram essas coisas.

Jo 19:24

Em tempo de Quaresma, para os lados da Luz já se antecipa a Paixão de Jesus. Ontem, em Atenas, ficou por demais evidente que a túnica de Jesus está entregue às sortes dos soldados, que de restos são demasiado grandes para que a túnica os cubra.

Nesta alegoria os soldados são os jogadores e a túnica a táctica do Mestre. Quem se lembra do Jesus da primeira vinda, lembra-se de uma equipa capaz de defender bem com poucos. E que quando defendia em números tornava-se quase impossível de vergar. Que o diga a Juventus... Fazia-o porque todos defendiam, porque se começava a defender mais à frente no terreno, porque haviam noções de espaço e tempos de pressão. Os que vêem o Benfica de agora não vêem isso. Vêem um Benfica que se preocupa em defender com muitos, sem preocupação com o espaço ou tempos de pressão.

Desse defender em números vem a primeia ilusão do jogo de ontem em Atenas. A ilusão geral é que o Benfica merecia outra sorte que não a derrota. É uma ilusão válida. O Benfica sobrepovoou as zonas mais próximas da sua área, defendendo várias vezes com uma linha de 4 à frente de uma linha de 5, que dificultaram ao adversário a capacidade de encontrar espaços. A túnica serviu nesta fase para tapar o rabo à equipa.

O problema é que sendo a manta curta, ficou o tronco decoberto. O Benfica sentiu, ao longo de toda a partida, imensas dificuldades em chegar à frente. E das poucas vezes que o conseguia, esbarrava na incapacidade dos seus jogadores em se ligarem.

Comecemos pelo evidente Seferovic. Podem acusar-me de embirrar com ele, mas a verdade é que eu embirro é com quem acha que é com ele que vamos ganhar jogos destes. Nos primeiros 10 minutos da partida o Benfica consegue colocar a bola na área, em situações que só não foram de perigo porque o Suíço é tão desligado dos colegas que não se consegue oferecer como solução. O lance, ainda nos primeiros 2 minutos em que procura o cacho de defesas do Arsenal e não o espaço vazio onde Diogo Gonçalves colocaria a bola é paradigmático da qualidade que oferece.

Seria no entanto injusto estar a castigar muito mais a barata tonta que é Seferovic. Rafa e Pizzi, os responsáveis por ligar o jogo, estavam tão atrás que eram incapazes de o fazer. A preocupação em povoar a defesa, para não sofrer, traduziu-se em o Benfica proactivamente boicotar o seu ataque. Lances de ataque eram lançamentos largos para a corrida e disputa de bolas.

E a verdade é que o Benfica podia ter sido feliz. Um livre irrepreensível de Diogo Gonçalves à beira do intervalo, na resposta a um lance em que Hélton Leite evitou o golo de um arsenalista isolado na cara dele, seguido de um erro clamoroso de Ceballos a deixar Rafa com o espaço que gosta, meteram o Benfica na condição de líder da eliminatória. Só que aí começou a notar-se os efeitos da dança do banco. A verdade é que Darwin dá a mesma capacidade de segurar jogo de Seferovic. Que é como quem diz, nenhuma. Gabriel é garante de bolas oferecidas ao adversário. E se juntarmos à incapacidade técnica, uma incapacidade táctica então temos de 'agradecer' os minutos em que estivemos por cima da eliminatória, e compreender que a eliminação foi natural.

Há aquela máxima do 'ou passa o jogador ou a bola'. O Benfica da ocupação de espaços e do defender com poucos era o Benfica que visava que a bola não passasse. Era um Benfica que percebia que é a bola que tem de entrar na baliza para haver golos e se não houver espaço por onde a bola passar, pouco importa se o adversário tem lá um ou dez jogadores. O Benfica da ressurreição é o Benfica do não passa o jogador. É o Benfica que, como no lance do primeiro golo sofrido, está preocupado em não dar espaço ao adversário, mesmo que nesse acto ofereça espaço à bola para entrar. O espaço na defesa, por onde Aubameyang vai entrar, várias vezes ao longo da partida, surge da preocupação do colectivo não em tapar os caminhos para a baliza, mas de não dar espaço ao jogador individual. E assim fica mais fácil.

Para acabar o ramalhete, para descansar Grimaldo entra Nuno Tavares. Ter Nuno Tavares no plantel diz tudo o que precisamos de saber sobre a qualidade deste plantel. Não tem capacidade técnica nem táctica para estar num plantel de uma equipa que se queira assumir como vencedora que qualquer coisa que não seja um distrital. Pode ter a força e a vontade, mas falta-lhe tudo o resto. Passou por dificuldades frente às equipa do CNP que defrontámos na Taça de Portugal, e já tem responsabilidades não negligenciáveis em dois golos sofridos decisivos. Ontem um, outro em Alvalade. Claro que para os adeptos dos 'raçudos' a culpa é sempre de outro. Há sempre um GR, um central, um trinco, um periquito ou um caniche para culpar. O gajo que faz o Bruno Cortez parecer bom jogador é que não.

E aqui percebemos muito do que é a túnica curta de Jesus, um auto-proclamado Mestre da Táctica que vive dos tempos em que fazia o que poucos faziam. Tempos em que não havia uma geração de treinadores que cresceu a estudar o que fazia. Um treinador que evoluiu pouco e mal. Um treinador dado a birras. Que culpa sempre os outros das escolhas próprias. Há jogadores no Benfica que tecnicamente têm mais qualidade do que as escolhas do treinador. Mas as opções tácticas tomadas expõem os maus, e pioram os bons. Como o esquema de 3 centrais que não quer ganhar jogos, só os quer não perder. É pouco para o Benfica.

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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

 

Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe.

A 6 de Novembro de 1991, depois de um empate a 1 golo na Luz no dia 23 de Outubro, o Benfica foi a Londres para defrontar o Arsenal na segunda ronda da Taça dos Campeões Europeus. É daquelas noites que perdura na memória dos adeptos. O Benfica, em desvantagem, começa a perder, empata a partida e consegue levar a contenda para prolongamento, onde com dois golos fecha o resultado em 3-1 e deixa o campeão inglês pelo caminho.

Muita coisa mudou desde então. Isaías ganhou o direito a causar desconforto aos adeptos Arsenalistas até hoje, a Taça dos Campeões tornou-se Liga primeiro, e depois até se abriu aos não campeões. O Benfica, esse, deixou-se também de noites como aquela.

Há dois motivos para ir buscar aquela eliminatória. A primeira é porque soube esta semana que Vítor Paneira é uma espécie de jogador medíocre ou mediano, que andou escondido e só apareceu o ano passado por causa das eleições. O segundo é porque Rui Costa faz parte da lista que ganhou essas mesmas eleições. E ambos foram titulares na noite de 6 Novembro (apesar de só Paneira o ter sido a 23 de Outubro). Nem me vou alongar muito nos eventos que em 1994 e 1995 ditariam a saída de Rui Costa e Vítor Paneira do Benfica. Se eu tivesse uma relação vieiro-guerrista com a verdade, diria que um foi à sua vida ganhar milhões e o outro teve de ser empurrado para fora do clube. Quem viveu aqueles anos sabe que num dos casos estaria a vergar a verdade até ao ponto de se tornar mentira.

Mas retornando ao comentário, o que é indesmentível é que Rui Costa é hoje vice-presidente, príncipe herdeiro e/ou director do Benfica. E no entanto, apesar de ter sido titular em Londres, permite que um jogador do plantel venha a público e diga que não sabe o que se passou há 30 anos, que não procurou nem viu nada sobre o assunto!

Eu até dou de barato que o jogador, que na altura desses jogos ainda andava a saltar de colhão para colhão, não tivesse visto. Que não soubesse nem tenha procurado nada, já é mais revelador do jogador. Um jogador sob fogo cruzado dos adeptos, conhecido pela sua eficiência a anular ataques próprios, tem de se salvaguardar. E hoje em dia, ao contrário de há 30 anos, é fácil de encontrar por si. Em menos de meia hora é possível encontrar quem alinhou e ver resumos dos dois jogos. Ora, sabendo que corre o risco de ter microfones à frente, não tinha custado procurar antigos jogos entre os clubes para poder dar umas banalidades do género "vamos tentar fazer como em troca o passo e ganhar". Podemos também perguntar porque não se escudou nas tradicionais banalidades do "vamos dar o nosso melhor como tantos outros deram ao longo da história do clube". Não, a opção foi mesmo um rotundo não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. O jogador, em si, revelou ser burro. E para mim, burro fora do relvado e ineficiente dentro dele, é jogador que não tem lugar no clube. Rafa ou mete duas ou três batatas por jogo, ou morreu como jogador do clube, para mim.

Mas há algo mais grave que a burrice de um jogador... Vejamos então: o, na altura, campeão Português foi enxovalhar o, na altura, campeão Inglês a casa dele. Uma exibição de gala, daquelas que quem as viveu ainda fala passados 30 anos, e o Benfica não tem ninguém, nem os que estavam dentro de campo, para passar a importância de tal evento aos jogadores? É isto não é? O clube, deixou que a equipa embarcasse, sabendo da presença da imprensa, sem que fizessem a merda de um briefing de meia hora a explicar o que dizer. A explicar a importância emocional para os adeptos. O clube, revelou detalhes de pior que amadores. O clube começa a perder os jogos e as eliminatórias nestas coisas.

Há uma banalidade que é dizer que se encaram os jogos todos da mesma forma. Não quer dizer rigorosamente nada, porque tanto diz que uma equipa se está a cagar e se limita a aparecer, como quer dizer que uma equipa entra em campo e esfarrapa-se toda para ganhar. Face ao que se soube da estrutura por Rafa, onde nem os que viveram uma jornada de glória sabem passar essa dimensão para a equipa, sabemos que o Benfica é dos que se limitam a aparecer em campo. Já desconfiávamos. Agora as derrotas doem mais, mas custam menos.
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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

 

Os 62% de culpa dos 96%.

Não há nas redes Benfiquistas nada que me tire mais do sério do que 'a culpa dos 62%'. Acho que é precisa uma certa dose de inocência para se achar que as eleições de Outubro passado teriam mudado alguma coisa do que esta época está a ser.

Pode ser que seja apenas uma daquelas crises típicas de casa onde se passa fome. E a verdade é que, desde a famosa auto-proclamação da recuperação da hegemonia do futebol e de se estar 10 anos à frente da concorrência, grande tem sido a fome.

E se calhar o melhor é mesmo ir a essas afirmações, feitas no rescaldo de uma temporada onde Vieira foi a eleições sem oposição, colhendo quase 96% dos votos. A verdade é que já nessa altura se viam os sinais do que seria o futuro. Mais, esses sinais já vinham desde cerca de um ano antes se havia proclamado uma 'mudança de paradigma'. Já nessa altura o desinvestimento em qualidade era notório. Já nessa altura as vitórias, mesmo que sofridas e até à última, vinham mais do proverbial azar dos outros do que de méritos próprios. E por méritos próprios, leia-se Jonas Pistolas. E no entanto os poucos que apontavam esses factos eram achincalhados. Dizia-se que desejavam que o Benfica perdesse. Havia quem dissesse que não celebravam os títulos. Ou diziam que por criticarem não podiam festejar como os outros.

O que o Benfica não conquistou nos últimos quatro anos, e os desequilíbrios da equipa, não podem ser assacados à eleição de Outubro de 2020. São fruto da sementeira que se fez anteriormente. O que significa que se estamos neste lindo estado, a culpa será, isso sim dos quase 96%. A culpa dos 62% será outra. Será porventura a de, perante os factos evidentes da incapacidade da actual equipa, terem validado a continuação dessa equipa. Os pontos de atraso para o líder, o Benfica a lutar por uma posição entre os 3º e o 5º lugares, isso são fruto de um investimento em qualidade que não foi feito ao longo dos anos. A capacidade de sairmos desse buraco, essa será então para os 62%. Quem fala dos 62% para falar do actual momento, terá de o fazer com a nota de onde estava quando os 96% decidiram que era este o rumo.
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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

 

Parabéns Sporting/Porto (riscar o que não interessar)

Escrevo isto a quente no final do dérbi de Alvalade que o Sporting acabou de ganhar. Mentiria se dissesse que já não via o Benfica colectivamente tão mal há muitos anos, quando foi apenas o ano passado que se viu igual e a espaços até pior. No fundo, até acaba por ser o mesmo Benfica onde nem sequer as individualidades fazem a diferença. E obviamente que quando assim é, questionamos tudo.

Só que eu não me quero questionar. Jorge Jesus, no seu estilo peculiar conseguiu na primeira passagem do Benfica meter a equipa a defender bem com poucos. Neste momento nem com muitos nem com poucos. E continua com escolhas duvidosas de jogadores, que a falta de qualidade noutros quadrantes apenas põem mais a nu.

Não há muito para escalpelizar aqui. O pouco de não mau que se viu veio por Otamendi, transfigurado desde o jogo da Supertaça, e Weigl, que já há um ano era o nosso melhor central e melhor médio.

No dia em que se dispensou Ferro e o emprestado Todibo, alinhámos em Alvalade com Jardel a titular para rasgar menos de 10 minutos depois do jogo começar. Jardel, que nem no plantel devia estar há uns três anos, o jogador que teve dificuldades nos jogos com equipas do CNP para a Taça, titular num jogo que tínhamos mesmo de ganhar. E a lesionar-se no dia em que se enfraqueceu o plantel na sua posição.

Nada esconde já o falhanço que é esta época. Parabéns a Sporting e a Porto. Eu saio aqui este ano.

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quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

 

Notas soltas em véspera de Supertaça.

Escrevia o Matrecos Vermelhos, a 21 de Fevereiro de 2019, que não tinha grande interesse em escrever quando tudo corre bem. Compreendo-o bem. Quando as coisas correm bem a escrita pode-se tornar um maçador exercício. Podemos perguntarmo-nos então se quando tudo corre mal, e corre mal da mesma forma, se não há esse mesmo risco. Há. A diferença fundamental é que nos maus momentos a escrita torna-se um exercício catártico. As coisas correm mal, vimos para aqui, desabafamos e vamos à nossa vida até à próxima vez. Neste caso a desculpa é a Supertaça, evento que encerra uma época e abre a seguinte. Normalmente, isto é...

É por isso que era fácil escrever sobre o Benfica de Rui Vitória. É por isso que se tornou fácil escrever sobre o de Bruno Lage. Mas é também porque já são anos demais de mau planeamento que se chegou ao ponto de já nem me interessa escrever sobre o de Jorge Jesus. Porque no fundo os Benficas de que se escreve não são os Benficas do treinador, mas os Benficas da estrutura. A estrutura do mau planeamento. A estrutura que depende tanto de estar no Benfica que lá compraram um camião de areia para as eleições.

A 21 de Julho de 2020, um ano e cinco meses exactos depois daquela crónica do Matrecos, escrevia eu neste blog o que eram as minhas impressões sobre o que seria o Benfica de Jorge Jesus Ressuscitado. Por entre as muitas pazadas de cimento que caíram fora do balde, como o interesse de JJ por Vinicius, a permanência de Rúben Dias, ou a preponderância que Weigl devia ter, ainda espaço a pérolas como Almeida não ter titularidade absoluta (abençoada lesão) e ainda dizer que JJ não daria chances a Nuno Tavares, à luz das cada vez mais evidentes limitações deste.

Não é no entanto este comentário de hoje uma análise ao que eram as previsões. Não será sequer uma avaliação do que têm sido os primeiros tempos de Jorge Jesus Regressado. Ou melhor, não será essa avaliação directamente, porque não se pode fazer a antevisão do jogo da Supertaça ignorando o que é o Benfica.

Não faço ideia de como o Porto está a jogar. O último jogo que vi do Porto foi a final da Taça em que nos manietaram. Mas tenho visto os jogos do Benfica. E tenho ouvido o que a generalidade dos adeptos pedem. E não posso deixar de ficar preocupado, quando vejo que muitas vezes o que essa generalidade dos adeptos pede arranja maneira de se projectar no relvado.

É que para mim, a única e melhor forma que o Benfica terá de se superiorizar ao Porto, não é "querer mais", não é "entrar com tudo". O que me lembro do Porto, e dos inúmeros confrontos que temos tido com o Porto de Conceição, é que são uma equipa muito susceptível a adversários que joguem à bola. Quem quiser ir para o físico e para a correria e para os duelos, acaba invariavelmente a passar por dificuldades.

Olhemos pois um pouco ao que tem sido o Benfica. No jogo para a Taça da Liga, Jorge Jesus acabou a criticar o seu corredor central por não estar a funcionar bem. Certo. Só que qual a medida correctiva que o treinador escolheu? Simples, se não está a funcionar bem, vamos acabar com ele! Frente ao Gil Vicente, esta lógica traduziu-se no XI inicial. O novo Benfica de Jesus não só não defende com poucos, como defende mal. Não só ataca quase em exclusivo pelas alas, ficando mais facilmente anulável por adversários com mínimos de organização, como ataca de forma desapoiada, o que favorece adversários rápidos e de transição.

Pelo que se tem visto, e sabendo o estilo que Conceição favorece, o Porto é a equipa na prática favorita. E digo na prática, não em teoria, porque o Porto não investiu desde Janeiro cerca de 100 milhões de Euros! E chegamos pois ao ponto em que temos de nos perguntar onde está a tal pujança financeira que é tão apregoada como a vitória que compensa as derrotas em campo.

Onde estão então essas verbas? A verdade é que é difícil perceber o critério. Everton é mais uma história de tanto craque Brasileiro. Chega numa condição física muito acima dos seus concorrentes e adversários e, mais do que jogar por decreto, mostra-se muito acima. Só que com o passar do tempo o cansaço instala-se. Pedrinho, usufruindo do facto de não ser Rafa nem ter o estatuto de Pizzi, pôde ir adaptando-se, temperar as expectativas dos adeptos e a verdade é que podendo haver dúvidas se vale o valor do passe, parece ser um jogador que acrescenta com bola nos pés e dá características à posição que não teríamos de outra forma. Otamendi tem sido o exercício de contabilidade que prometeu desde sempre. Se fosse tão necessário e desejado, era esperar duas semanas e viria 'a custo zero'. Só que era necessário que se 'pagasse' para que o City não gastasse o dinheiro que gastou com o Rúben. Verthongen é a alma solitária com uma sombra de critério naquela defesa. Isto apesar de alguns erros já cometidos que custaram golos, e pontos. Mas basta ver quantas outras vezes é ele que tem de fazer as vezes dele e dos colegas todos. Gilberto, à medidade que ganha condição física e vai fazendo mais minutos parece ser o melhor reforço para a lateral direita dos últimos cinco anos. Cinco anos para se ir buscar um jogador mediano que face à concorrência parece um arraçado de Daniel Alves! Darwin nem é que seja mau. O problema é que para fazer as vezes de segundo avançado e/ou municiador, há dois jogadores no plantel bem melhores, de seus nomes Luca e Gonçalo.

E é neste ponto que chegamos à Supertaça. Um Benfica que ainda está a tentar integrar os seus jogadores, à procura ainda dos melhores mecanismos colectivos, muito susceptível a equipas de transições rápidas, incapaz de furar blocos defensivos coesos e que na frente de ataque não tem aquele 'killer instinct' que é fundamental a este nível. As verbas dispendidas dizem que o Benfica é favorito. O Benfiquismo diz que o Benfica tem de se assumir como favorito. A ver se o jogo mais logo não é um doloroso banho de água fria de realismo.
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terça-feira, 21 de julho de 2020

 

Bitaites da Betoneira - Benfica do Cristo Redentor

A confirmação do all-in Vieirista, em mais um momento em que dá duas piruetas e um mortal encarpado, trouxe para as bandas da Luz de novo o Cristo Redentor Jorge Jesus.




Não nos iludamos. Jesus vai mudar a face do plantel e a especulação que se segue é feita com base em vários pecados. Vamos pois elencar os pecados, antes de irmos aos detalhes.

O pecado original será limitar-me ao que existe e ignorar um pouco o ruído que vai havendo sobre transferências. É querer ignorar quase que a realidade de se ter JJ e quanto o Presimente lhe terá prometido para reforços.

O segundo pecado será mesmo o de assumir, pelo tempo que leva a ler este texto, que JJ vai perder tempo a formar jovens. Porque a verdade é que o plantel do Benfica precisa de muita mas mesmo muita formação. As deficiências são por demais evidentes e todos sabemos que o Mestre da Táctica não ajuda jogadores a chegarem a bons, só os bons a chegarem a muito bons.

Um terceiro pecado, que acaba por ser um pouco o que origina o segundo, é o de assumir que JJ não vai querer entrar a ganhar e sem se importar de perder algum tempinho a moldar a equipa à sua imagem. Ele não tem tempo e, mais importante, o Presimente não tem tempo. O plantel ou está pronto para pôr em campo o que o treinador pede, ou então não serve.

O pecado final é assumir que o clube ou o jogador têm pleno poder em escolher o destino final dos jogadores. Por vezes é um favor que se faz a um clube, outras vezes uma jogada do Parceiro Preferencial. Para efeitos deste comentário vou tentar esquecer isso tudo.

Claro que os bolsos são fundos quanto baste, e certamente o Parceiro Preferencial, apesar de estar cada vez mais enraizado nos outros clubes da Liga, arranjará coloridas formas de financiar operações necessárias. Agora, o Benfica, para estar à imagem de Jesus precisa de muitos Apóstolos.

Como o plantel está, sejamos francos a lista dos jogadores que servem para JJ não dá para fazer um XI titular. Vamos então à bitaitada...

Se Odysseas, pela posição recuada, for o Baptista, Rúben Dias, Grimaldo, Weigl, Vinícius serão os quatro Envangelistas que a meu ver têm garantida a permanência para espalhar a Boa Nova. Numa segunda linha vêm Almeida, Rafa e Pizzi. Almeida e Pizzi são heranças da primeira vinda do Salvador (de Vieira, espera ele!). Com ele ganharam o estatuto que têm ainda hoje na mente de muitos.

A verdade é que Almeida dificilmente será o titular absoluto, como o não era, e não passará de um útil suplente. Que em caso de lesão do titular, necessitará que se encontre um titular à altura! Pizzi foi com JJ que se assumiu como 8, se se lembrar do que fazer, e com treino a estimular, pode certamente ser homem de confiança do treinador. Se não para titular, certamente para fazer o titular correr. Rafa tem bons pormenores na aproximação à área e ajuda a defesa o suficiente para que a sua permanência no plantel seja garantida, mas não sem que o treinador queira reforços.

Assim sendo, até ao momento temos o seguinte Benfica.

É curto não é? A partir daqui é que o mercado se complica. Onde é que o Benfica vai querer investir mais forte? Quão fundos são os bolsos?

Conhecendo JJ, a prioridade dele será sempre a consistência defensiva. O pilar de JJ é defender bem, com poucos se possível, e uma reacção forte à perda. Os detalhes, como os apoios, são de fulcral importância, e a capacidade de manter o foco ao longo dos 100 minutos que uma partida chega a durar, importantes. Apesar do mito de preferir cavalões, a verdade é que, exepto para as balizas, prefere jogadores que lhe dêem o que quer.

Ora este que ele quer é fulcral. Como se viu acima, há todo um autocarro de jogadores que com JJ e em condições normais estariam despachados, apesar do potencial que demonstrem ou não. Senão vejamos como fica a defesa.

André Almeida - Defesa Direito - Fica
Será um dos homens do treinador. Será lembrado das suas limitações a cada treino, e responderá a dar tudo para mostrar que é pau para toda a obra. Jogará onde o treinador mandar e fará tudo como o treinador pede. O treinador conhece e sabe o que pode tirar dali.

Tomás Tavares - Defesa Direito - Sai
Tomás Tavares estará, com pena minha, condenado. Demasiado imaturo para responder no imediato, perde para Almeida por este ser um conhecido de Jesus. Com Almeida a intenção de Jesus será a de ter um Lateral Direito que lhe dê garantias e no imediato. Tomás está longe disso. Mas pode ter em si muito bem o que dará a Jesus um jogador lá para o ano final do seu contrato. Se o mister tiver riscado, para mim era emprestar. Mas emprestar com critério. Escolher um plantel onde possa jogar e um treinador que o faça evoluir. 

Rúben Dias - Defesa Central - Fica
Penso que não haverá o desejo de comprar quatro titulares para a defesa, e Rúben tem defeitos de Luisão pré-Jesus, com mais margem de progressão do que o Luisão pré-Jesus. Para justificar a anormalidade que o clube quererá por ele, especialmente em contexto de pós-Covid (e sem saber como estaremos de quarentenas por esta altura daqui a um ano), precisará e muito de um Jesus que faça dele o central de que deu lampejos e nunca um jogo inteiro.

Jardel - Defesa Central - Fica mas contra a minha vontade.
Acho que Jardel acabará por ficar. Com muita pena minha. Penso que ter-lhe-ão destinado um papel de Luisão (mas em horrível) e ele abraçá-lo-á. Tem limitações medonhas para o nivel Benfica e seria um insulto ao clube tê-lo na B. Por mim dispensava-se, se ninguém lhe pegar, mas deve ficar, nem que seja para terceiro central.

Ferro - Defesa Central - Dúvidas. Muitas.
Terá Ferro qualidades ou vontade de ser o quarto central deste plantel? Estará à espreita de uma lesão de Jardel para subir na hierarquia e ser o terceiro?
É óbvio que se JJ quer resultados imediatos, Ferro está já dispensado ainda antes do primeiro treino. A questão é o que Ferro poderá dar com um ano de treinos com um treinador obcecado com o pormenor como JJ. Irá a tempo de aprender ainda?

Grimaldo - Defesa Esquerdo - #fapfapfap pela vinda do Salvador (de Vieira, espera ele!)
Um dos jogadores que mais poderão subir com JJ, assim tenha humildade para tal. Não adianta vir com coisas. É trabalhar para jogar. Como Rúben Dias, não havendo necessidade de comprar toda uma defesa nova, Grimaldo devia a esta hora estar a apanhar uma tosga só de pensar no defesa que se pode tornar com JJ.

Nuno Tavares - Defesa Esquerdo - Xau?!
As limitações ao nível técnico são de tal ordem que o meu primeiro instinto é dizer que está despachadíssimo, nem que seja de volta à B. Tem o lado atlético a jogar a seu favor e o facto de Grimaldo se o titular indiscutível da posição.
Se as investidas no mercado para o reforço da posição falharem, terá no entanto de competir com Cervi pela vaga. Está em posição mais que periclitante.


Ao nível do meio campo, a coisa parece estar um pouco mais composta. Arrisco dizer que não fosse a sede de JJ por jogadores feitos e até poderia haver margem para um investimento mais baixo. No centro do terreno há qualidade para trabalhar e aproveitar, que precisa mais de reforço do que de renovação. Nas alas, muito para aprender, mas que deveria chegar para o campeonato português ser um passeio tranquilo para JJ.

Pizzi - Médio Coiso e tal - Fica
JJ fez de Pizzi um médio centro bem acima da média. Não que não tenha jogado na ala de quando em vez. Se JJ conseguir trazer um ala e um médio centro, será mais do que natural ver Pizzi ser o suplente destes dois. Se por outro lado JJ só conseguir um destes reforços, Pizzi será o outro. A minha aposta é que a prioridade será dada a um ala e na segunda ronda de reforços então um médio centro.

Zivkovic - Médio Coiso - Não és tu, é... Foda-se sim também és tu!
Só um fenómeno galáctico inexplicável fará com que o Sérvio se mantenha na Luz e faça uma boa época, seja ela no meio ou numa ala. Já devem estar a preparar papel de embrulho e o lacinho com que entrará no carrossel. Uma pena pois nos anos em que o Benfica não tinha treinador teve sempre mais lugar na equipa que os trolhas que por lá andaram a fazer merda.

Adel Taraabt - Médio Centro - Hum...
Olho para ele e tem coisas de Enzo. Possante, sabe usar o corpo, sabe recuperar bolas, sabe progredir. É bom que esteja com um treinador pessoal a garantir que se apresenta em condição top. Todos nos lembraremos da entrevista em que disse que se deu mal com Bombo Vitalis por ser um pedido do antecessor. Pode ser que o "antecessor" ainda se lembre do que terá visto nele e decida dar-lhe uma chance.

Weigl - Médio Centro - Fica!
Há uma entrevista de JJ em Janeiro onde fala sobre Weigl. Esperamos para ver qual o defeito que o JJ lhe vai corrigir!

Tino - Médio Centro - Eu gostava que ficasse.
Weigl e Tino tem tudo para ser Matic-Fejsa mas em bom, no que ao sair o Zé e jogar o Manel diz respeito. Penso no entanto que o Tino já está apalavrado com um clube do círculo do Parceiro Preferencial, e que a operação da sua transferência será usada para justificar valores de outras aquisições.

Samaris - Médio Centro - Tronco nu, no topo Sul, com um megafone na mão.
Samaris pareceu, durante uns jogos com JJ, uma espécie de Matic dos pobrezinhos. Não sei se o Messias da Táctica ainda tem esse dom milagroso, mas poderia bem aproveitar para fazer dele o terceiro central de nível que o clube precisa. Ou até o segundo, se não houver engenharia financeira que permita adquirir os direitos de um. Já no meio, a coisa parece estar cheia.

Gabriel - Médio Centro - Será que é agora?
Tem bom perfil físico para o jogo de JJ, mas um perfil de decisão atroz. Se for um problema de treino ou do que é pedido, pode melhorar. Se não, em Janeiro vai emprestado com cláusula de compra obrigatória.

Jota - Ala - Pois...
Vai acusar o não ser um fora de série, estar sem minutos e com a moral numa fossa. Quando falhar dois ou três passes num treino vai ser colocado a treinar num clube satélite com uma cláusulas, para não haver quem pense que esta merda agora saem da formação para a equipa principal.
Podia ser boa alternativa a Rafa, mas duvido que vá fazer parte do plantel.
Ou isso ou vai ser um titular do caralho e vendemo-lo no fim do da época por 400 milhões de euros #winkwink.

Cervi - Ala - Deve ficar
Um espírito abnegado. Relembro que JJ andou a martelar num Sálvio muito tempo. Quem aposta num Sálvio, aposta num Cervi. Ah! E já vi JJ fazer de Melgarejo um razoável lateral esquerdo. Cervi não sendo craque, é um pouco melhor que Melgarejo.

Rafa - Ala - Fica
O Benfica também não pode mandar todos embora e Rafa tem coisas que JJ aprecia. Nomeadamente ajuda o defesa do seu lado, quando acorda com os pés dentro da cama. Pode jogar nas duas alas do campo, e há rumores de alguns que JJ pode ter-lhe reservado um papel mais central no jogo da equipa.


Para o ataque estamos muito longe. Arrisco dizer que tirando Vinícius, mais ninguém tem o lugar no plantel do ano que vem seguro, e mesmo Vinnie poderá nem ser titular.

Chiquinho - Atacante Centro - Temos pena...
Uma coisa comum a muitos rumores sobre reforços, é que tudo indica que Chiquinho já era. Infelizmente aquilo que servia e era mal aproveitado por Bombo e Placa de Xisto, é para o Salvador (de Vieira, ou assim ele o espera!) insuficiente. Está bem que já tivemos Felipes Menezes e Francos Jaras, mas esses foram pedidos, não impostos!

Seferovic - Ponta de Lança (Romba) - Fica, mas contra a minha vontade.
Corre muito na frente, bom para atazanar centrais. Faltando dinheiro para comprar dois PLs, e tendo Vinícius e um Reforço, pode vir a ter um papel terciário.

Carlos Vinícius - Ponta de Lança - Fica
Está a meio caminho entre Cardozo e Lima. Dificilmente não fica, e se se for é para financiar operações de reforço. Será necessário colmatar a saída no entanto...

Dyego Sousa - Cabo da Lança - Fica (até Dezembro, quando acaba o empréstimo)
Vai p'ró caralho pá!

Temos então um plantel parecido com isto:


Meia equipa a necessitar de reforço obriga a um esforço financeiro grande. Por um lado este ano ficará mais difícil andar a comprar entulho para emprestar. Portanto apesar da folga, olhemos para os reforços que podem vir de empréstimos.

Ao nível dos emprestados regressados, penso que dificilmente algum fica, salvo falhanços no mercado.

Na defesa, Pedro Pereira estará longe do pretendido e entre Conti e Lema apenas um ficaria e para quarto central. Penso que por entre cláusulas e vontades, nenhum ficará no plantel de JJ. Poderão todos ser operações contabilísticas importantes para assegurar reforços.

No meio campo, até espero mesmo que haja uma razia nos regressados. Fejsa, está longe do seu auge, Alfa mete medo, Yony e Jhonder são erros de casting para um clube como o Benfica e Krovinovic pode ter mercado. Assim sendo é usar para fazer operações para financiar os reforços.

Pedrinho já está garantido, mas a julgar pelas declarações de JJ sobre ele, terá de comer muita papinha e trabalhar muito para ter um lugar. Pode até nem sequer calçar, caso seja empregue numa troca...

Diogo Gonçalves está com a cotação em alta no carrossel e assim deve ficar. Não sei se quer ser lateral direito, ou sequer esquerdo, mas não sendo nessa condição deve ser difícil arranjar espaço.

Nisto de retornados sobra apenas Ferreyra. O palpite é que é para despachar, mas pode dar-se o caso de JJ querer aproveitar. Vai depender imenso de como correr o defeso. Se o Benfica não se conseguir reforçar como JJ pretende, poderá ter hipótese de concorrer com Seferovic pelo lugar de terceiro avançado do plantel.

A equipa dos prováveis dispensados será pois algo parecido com 

Numa lógica de um falhanço no ataque ao mercado, e trabalhando apenas com a prata da casa, JJ poderia ter um plantel semelhante a este.

Seria uma equipa útil para consumo interno, mas cheia de carências e lacunas. Decerto não foi para ter esse plantel que JJ abandonou o Brasil e veio para a Luz. Mas a verdade é que ganhar com esse plantel é que o faria realmente brilhar!

Do que pode vir da B não me vou alongar. Genericamente são jogadores com limitações, como se pode ver pelos Tavares, e poucos que pudessem ter um impacto imediato, que é o que o treinador vai querer. O único sector a poder beneficiar seria a defesa, com Kalaica e/ou Morato a poderem passar para o plantel senior.

Não falei dos GRs porque me parece que de momento o Benfica está bem servido de um titular. Mesmo que guarde Varela para o papel de "Paulo Lopes" e vá buscar um reforço para o papel secundário.

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