Ontem no fim do jogo demos por nós na roulotte mais próxima a emborcar mines e couratos, damos por nós a divagar no que foi, no que podia ter sido e na gaja com as calças tão apertadas que dá para ler a etiqueta da marca do fio dental e ao falar de marcadores exemplares de livres, demos por nós a contemplar o que só podia ser descrito como "um senhor canhão" e a conversa rapidamente tomou o rumo de Erwin Sanchéz.
Para quem quer saber dados biográficos, há certamente outro tipo de sites, com mais informação e até informação mais sóbria. Já quem está simplesmente a regredir aos tempos em que duas mochilas no meio da estrada eram uma baliza, Erwin Sanchéz é o pontapé canhão mais perigoso do campeonato de todo o sempre. Alguns esverdeados dirão que esse é Krasimir Balakov, mas não, o mago Búlgaro não rouba a coroa ao "Platini" Boliviano.
Esta é uma viagem à década de 90, na sua vertente pré e imediatamente pós Bosman, quando a malta do petróleo ainda estava a limpar os camelos do petróleo que os iraquianos atiraram ao ar na mãe de todas as retiradas, em que Pimenta Machado e Valentim Loureiro não eram mitos urbanos e a táctica muitas vezes tinha raízes teológicas, nomeadamente na vertente tudo ao molho e fé em Deus.
Tratar Erwin Sanchéz como um pontapé canhão é injusto. Ele não disparava mísseis de canhão, aquilo eram bombas de precisão que faziam os mísseis Tomahawk dos americanos sentirem-se umas V2. Porquê tanta analogia bélica? Ah... Só quem assisitia à forma cuidada como ele pegava na bola para marcar um livre, a forma como a acariciava e lhe sussurava no pipo de uma forma apaixonada percebe o feitiço que este Boliviano tinha. Eram tiros de precisão, com jeito e força tudo combinado. É uma certeza universal que quando Sanchéz pegava na bola, os guarda-redes perdiam força nos dedos e as equipas sorteavam os infelizes que tinham de se alinhar na barreira e o Universo Luso-Futebolês sabia que aquela já lá moraria.
Só que Sanchéz não era só isso. Ele era o motor e o maestro. Tractor para todo o lamaçal e solista de violino, tanto ganhava duelos no centro do terreno, como aparecia em terrenos avançados a combinar para esfrangalhar defesas adversárias.
Infelizmente aquele que seria o seu momento de glória, a chegada, que era regresso, a um grande, coincidiu com o Vietname Benfiquista. Trazido por Manuel José, que o treinara no Boavista, acabaria por ser orientado por Graeme Souness, que preferia uma abordagem musculada menos cerebral e menos técnica. Acabaria emprestado ao Boavista, para onde se transferiria a título definitivo para capitanear os "Trauliteiros do Pacheco" no seu assalto ao título e onde regressaria como treinador, sucedendo a Petit, seu companheiro e campeão.
As musiquinhas são um must. Ao nivel do design dos equipamentos da época. Só amor !
ResponderEliminarE o Fary caro Robocop? Esse é que era!
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