Está tudo recuperado? Batida cardíaca estabilizada?
Para quem nasceu na minha altura, uma das grandes referência das comédias da altura foi o filme "Aeroplano"
Tratava-se de uma história totalmente alucinada em que o protagonista era um ex-piloto com pânico de voar e que acabava por ter que salvar o dia.
Incluía bonecos insufláveis, hospedeiras turbinadas e o Kareem Abdul-Jabbar, sabe-se lá porquê.
O Jogo do Sporting foi o Aeroplano em modo ultra-octanado, com sucessivos twists e turns até à vitória final.
A realidade é que não jogámos bem (o Aeroplano também não é o Citizen Kane), mas assegurámos entretenimento em doses industriais (tal como o Aeroplano).
O Keiser cagou de alto nas tácticas defensivas desde que veio para cá, concentrou-se em colocar o talento que sobrou da razia do Peseiro e atirou a equipa toda para a frente.
Isso tem permitido resultados avolumados e jogos engraçados, mas o facto é que a equipa ainda não o é, na verdadeira acepção da palavra.
Somos um conjunto algo desconexo em termos defensivos e a fase de construção ainda não está suficientemente trabalhada, contudo, a forma como Keiser aproximou o talento todo dentro dos limites do campo permite que eles combinem constantemente e aproximem a equipa do golo a cada jogada.
Confesso que tinha algumas expectativas relativamente ao Bruno César, mas a falta de ritmo notou-se brutalmente, e estando o jogo completamente "partido", pior ficou para um jogador com a sua forma de jogar.
Tinha péssima impressão de Miguel Luís, mas o miúdo tem-se revelado nos últimos dois jogos, gosta de ter a bola, procura o espaço interior em todas as bolas, combina e associa-se constantemente, permitindo à equipa respirar. tem também uma noção muito avançada de como ocupar os espaços em transição defensiva e reage muito bem à perda de bola.
Acaba por ser muito interessante o trajecto de Keiser, tinha expectativas muito altas para ele, porque o seu trabalho no Ajax tinha sido muito positivo, mas está a demonstrar que merece que o Sporting faça um esforço em Janeiro para melhorar o plantel (convenhamos, o nosso banco é algo de preocupante).
Vamos em 25 golos em 6 jogos, jogos completamente tontos e o SNS à beira da rotura à conta dos cardíacos de verde-e-branco.
Safoda! Tudo ataque até sermos goleados!!!!
Meu caro,
ResponderEliminarEstou arrependido de o ter elogiado. A ironia continua de boa saúde mas parte de um pressuposto com o qual não concordo: o futebol tem uma lógica e essa lógica explica os resultados.
O futebol não tem lógica nenhuma nem vale a pena explicar os resultados. A grande maioria das coisas que acontecem, acontecem por acaso. Como se costuma dizer, a competência é quando sabedoria encontra uma oportunidade, isto é, quando é bafejada pelo acaso. O acaso e as expetativas autorrealizáveis, com os seus efeitos cumulativos de retroação positiva, explicam os vencedores. E não há heróis. Os heróis são por definição improváveis. Os outros só estão a fazer o que sabem e o que devem. Os jogos e os resultados do Sporting não se conseguem explicar a não ser à luz disso.
A continuar assim, as coisas vão correr mal? É muito provável, mas também seria provável correrem se fosse de outra maneira. Atenção, nem sequer estou a falar de toupeiras…
Um abraço
Viva Rui,
EliminarEspero que esteja de boa saúde e aproveito para elogiar o seu artigo sobre o Sporting-Nacional, muitíssimo melhor escrito que o meu (Aquela parte da graxa e coiso).
O erro é pensar que existe acaso no futebol, seja do Sporting ou do Damaiense.
Não existe acaso, existe caos, e o futebol, pela sua concepção e poucas regras, é o desporto mais caótico que existe.
Tal como o condutor bêbedo atribui a sua chegada a casa por uma benção feita no parque de estacionamento de Fátima em 1986, o adepto atribuí a um qualquer -ismo os bons ou maus resultados da sua equipa.
Na realidade, há dois tipos de jogadores e dois tipos de treinadores, os bons e os maus.
Se juntarmos os dois tipos certos, temos futebol e estaremos mais próximos de vencer, em todas as outras opções seremos maus ou apenas insuficientes.
Nota: Há uma excepção, como em todas as regras. Mas essa aplica-se à forma como a bola que sai do pé de Teo Gutierrez e se aloja sempre na baliza, seja qual for o ponto de partida.
Quanto às toupeiras, fui jantar a casa do Picareta Robocop, prestimoso Benfiquista, e avisei-o da toupeira à entrada de casa dele. Não só não me ouviu como acabei com um olho negro. Na semana seguinte teve que chamar um jardineiro, mas da humilhação e gozo não me safei.
Assim sendo, deixámos os roedores subterrâneos, discotecas, fruta, café com leite e envelopes fora do tópico de discussão do estaleiro, já não tenho estaleca para andar combalido todas as semanas.
Um grande abraço