terça-feira, 6 de novembro de 2018

 

Quero ser o Tardelli



"que golo caralho"

"oh, este burro tira a camisola, vais comer amarelo catano!"

"epa o gajo merecia que o arbitro o aplaudisse, em vez de estar armado em burro a distribuir amarelos"

"oh, são as regras"

"as regras são merda, desde quando é que vivemos num mundo onde o festejar com os adeptos e tirar uma porcaria duma camisola merece castigo?"


Foi  uma conversa destas, ou então completamente diferente, que eu mantive com um amigo durante um jogo do Sporting.

O Futebol não deveria ser um desporto asséptico, bem comportado e urbano.

O Futebol surgiu por uma cisão entre os gentlemen do Rugby e os arruaceiros do Futebol, é fogo, é paixão, é amor incontido.

O Futebol, para lá das tácticas, que são importantes, é espectáculo, é o amor do adepto, a raiva entre amigos num derby Sporting-Benfica, é os repuxos do Benfica-Porto, é o Hattrick do JVP e é o Livre do André Cruz. É tudo isto e muito mais, é tão intenso e apaixonado como um amor tonto de Verão, que se enterra na areia como a contratação do Hanuch.

É revisitar o ídolo todas as semanas, é ser vizinho do Federer e ser um apaixonado, mas incompetente jogador de ténis.

Deixem os jogadores festejar, tirar as camisolas, os calções e os pitões (tinha que rimar...), deixem-nos vir ter com os adeptos, saltar as vedações e festejar connosco (Varandas, fecha o fosso).



Deixem-me ser o Tardelli por dois minutos.


Picareta Oceano
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