sábado, 3 de novembro de 2018

 

A gestão do plantel de acordo com Rui Vitória

Os mais precipitados acharão que escrevo este post a tempo de ele fazer sentido. Sendo um post sobre gerir o plantel, o sentido será ele ter uma aplicação real e não ser o epitáfio da carreira de alguém. Os mais precipitados acreditam que o Presidente do Benfica se move por uma qualquer lógica que não a lógica empresarial do pneu recauchutado, do sócio dos três grandes e da Faculdade de Gestão de Clubes da Torre das Antas, que ele anos a fio frequentou.

Não se trata de nenhum epitáfio, trata-se de um olhar à forma como Rui Vitória tem lidado, em tempos de vacas magras, com a gestão do plantel. E é apropriado que se comece hoje, em que Varela foi para o banco.

Varela foi, após uns tremeliques, dele e de quem o escolhe, o guarda-redes titular na época passada. Teve um lance infeliz no Bessa, que o condicionou bastante junto da opinião da Luz, mas Rui Vitória logo veio em seu auxílio, lançando Svilar num jogo na Luz frente ao Manchester United. Era um jogo, como veríamos mais tarde, para cumprir calendário, que se sucedia a duas derrotas na Champions, a segunda das quais a pior humilhação europeia da história do clube. Se eu não vi o jogo de Vigo? Claro que vi e aquele Celta tinha qualidade com que o Basileia só pode sonhar! Logo aqui percebemos que Rui Vitória tem uma sensibilidade muito peculiar. Não só passa um bonito atestado de incompetência ao seu titular como ainda queima o suplente! Eu sei que todos queríamos um Júlio César em condições, mas... Esperem o treino não é o mais importante, portanto o mas não faria sentido.

A lateral direita conta hoje com André Almeida. O homem do vudu, como há quem lhe chame, foi tapando as indisponibilidades de Nélson Semedo nos anos em que Vitória chegou ao fim com campeonatos ganhos. Quando foi vendido, ainda em Janeiro, mas com efeitos apenas no Verão, o Benfica moveu-se e foi buscar um alumni da sua formação, de seu nome Pedro Pereira. Rui Vitória demorou mais de seis meses a perceber que ele não servia. Seis meses em que jogou menos de jogo e meio, que rodou zero minutos na equipa B e que treinou diariamente com o plantel. Aliás, mais de seis meses porque ainda fez uma pré-temporada que, não sendo perfeita, não foi nenhum descalabro. E aqueles que acharam que tinha sido, por terem ainda Nelsinho na cabeça, quando viram aquele emprestado do Barça chamado Douglas soltaram um rotundo 'foda-se, como é possível!?'. Felizmente Douglas jogou pouco. Ou demasiado, caso pensem como eu, mas mostrou que a gestão daquele dossier é feita com os calcanhares. 

Este ano foi-se buscar Ebuehi a um clube de segunda categoria na Eredivisie que, ainda antes de treinar pelo clube já se tinha lesionado e, depois de recuperar da primeira, contrai uma lesão bem grave. Corchia, o eleito para substituir Ebuehi, surpresa, lesiona-se. Já recuperou, fez um jogo simpático com o Sertanense, mas agora voltou à bancada. Como o flanco direito é a principal fonte de golos sofridos, claramente não há aqui necessidade de melhorar nada. Nem ao nível de qualidade individual, já que só Almeida serve e tem brilhado como um buraco no negro no espaço astral, nem ao nível do treino, que como se sabe, não é o mais importante.

Flanco direito implica falar de Sálvio. Já não tenho palavras para descrever o quão inadequado este jogador é ao que o Benfica precisa. Quiçá a coisa vai bem atrás, ainda ao consulado do antecessor de Rui Vitalis, onde o Argentino terá comprado um Red Pass Relvado que o obriga a fazer ene minutos por época. Rui Vitalis, acredita que com um jogador que faz a bola chorar só de saber que vai na direcção dele é que aquilo se resolve. Como bom Ribatejano, Rui Vitória acredita na valia de um animal que corre a toda a brida com os cornos no chão. Só assim se percebe a insistência em Sálvio. Porque é que eu trago isso à baila na noite em que Sálvio não foi titular? Porque essa noite deveria ter acontecido todos os jogos desde o início da época (para não ir mais atrás). Que Sálvio tenha sido titular em Belém é o pináculo do lesa futebol que a gestão de activos desta equipa comporta. Imaginem que vão para o trabalho, há um bónus em jogo e vocês dão o litro depois chega aquele merdas que há em todos o lado, estraga o que a equipa fez, obriga todos a fazerem horas extra e no fim é ele quem leva o bónus. O bónus é a titularidade. Vocês são o Rafa, o Ziv, o Félix, até, acho eu, o Ola John. O merdas é o Sálvio. 

Que Félix vá do banco em Amsterdão, para a bancada em Belém, para titular hoje é outro exemplo do desnorte que por ali vai. A escolhas de Rui Vitalis movem-se menos por uma lógica qualquer do que se quer dar à equipa ao nível do jogo e mais por uma lógica qualquer de panem et circencis, dar ao povo o que o povo quer. Ai a situação apertou? Então é meter o puto lá para dentro. Mesmo que acabe a jogar a lateral. Não é de resto o primeiro treinador que mete um promissor atacante a lateral esquerdo...

E que faz neste plantel Zivkovic? É o suplente de serviço. De proscrito o ano passado a peça fundamental na luta perdida pelo título a novamente proscrito este ano, tudo nele mostra que Rui Rotundas não faz a mínima ideia do que fazer com um jogador de qualidade. Valha-nos a coerência de o colocar sempre no banco.

Falar da gestão inenarrável dos pontas de lança causa-me dor física e portanto vou tocar-lhe só ao de leve. Digamos que é Rui Vitalis quem rebenta com Jonas o ano passado, lhe passa uma guia de marcha só anulada pelo Presimente quando lhe cheirou a motim, e que depois o mantém quieto no banco enquanto sofremos a ver a equipa desligada. O Benfica criou mais no Jamor nos primeiros quinze minutos de Jonas do que na primeira parte toda. Jonas em campo, mesmo sem tocar na bola, faz a equipa jogar melhor. Com o cu apertado lá saltou Jonas para titular hoje. E Seferovic? Para a bancada, o lugar natural de quem há mês e meio é titular.

Rui Vitória, ou Vitalis, ou Rotundas, acredita muito nas artes do oculto, nas voltas à rotunda de Alverca e em bebericar água. Só não acredita naquele ditado que ter sorte dá muito trabalho. E deveria começar pelos treinos e por valorizar as pessoas com quem trabalha. Com jogadores que passam de titulares para não convocados (Seferovic, Conti, Gabriel, Varela), de não convocados para titulares (Félix, Lema), que vão ao banco e nada do que façam lhes dá a titularidade (Zivkovic) e que de um ano para o outro passam de titulares a proscritos (Jonas, Varela), há aqui muito pano para desfiar a respeito das reais capacidades de Rui Vitória em gerir o balneário. E o facto de não haver um só defesa central que queira fazer dois jogos consecutivos a titular também deveria dar que pensar.

Quanto ao jogo de hoje, vi a primeira parte e bochechos da segunda. O jogo que vi foi aquele entre uma equipa organizada, o Moreirense, e uma equipa entregue à sua sorte, o Benfica. Este Benfica de hoje levaria na boca até de um grupo de adeptos embriagados escolhido aleatoriamente das bancadas. Vi Vigo até ao fim e isto dói-me mais. As avaliações abaixo são imbuídas de um espírito nada crítico, totalmente alheado do jogo na segunda parte e do mais profundo sentimento que o Benfica é maior e mais perene do que aqueles que lá trabalham.

+


+ Público que não se foi embora. Parabéns. Ou pagaram bilhete ou receberam um #OKOKOK do Vieira e aguentaram estoicamente aquele tempo todo. Estou solidário com vocês.

+ Jonas. Melhor avançado, médio e extremo do Benfica. Se jogasse a central seria provavelmente o melhor também, dada a inépcia dos que lá estiveram.

+ Félix. Bem na jogada do golo, bem em alguns lances a seguir, mal a fechar o corredor, não merecia o castigo de acabar a jogar a lateral esquerdo e ainda menos o de ser trocado por Cervi. Mantenho que com ele, Rafa e Ziv na equipa não há motivos para o Benfica alinhar com extremos Argentinos a titulares. Só que eu acho que o treino é importante.


– Defesa Benfiquista. Ide-vos foder os quatro. Até tu Grimaldo que não percebeste que tinhas um puto e tinhas de o orientar quando te decides desorientar. E Jardel, se não aparecer aí um pedido de desculpas pelo teu gesto, és um merdas que espero não ver tão cedo com o Manto Sagrado. Rúben pareceu bom hoje, mas é comido em dois dos golos. Parece bom porque os outros estiveram realmente mal! André Almeida precisa de férias porque há dois anos que joga sem parar. Tem mais minutos do que qualquer Guarda-Redes e isso explica imenso.

– Fejsa. Há três anos que precisamos de alguém que faça de Fejsa para Fejsa poder descansar. A tenebrosa transição defensiva do Benfica tem um culpado e esse culpado é Fejsa. Talvez por culpa dele  porque andou aqui anos a remendar buracos ao ponto de pensarmos que era um Deus omnipresente e agora é só erros de amador. Os Deuses cansam-se e os mortais sofrem com isso. Dei por mim a pedir um Alfa Mete-medo, ou um Gedson. Para ter alguém que chega tarde e a más horas, até o Samaris servia e este sempre aviava uns dos os outros. Fejsa tem de descansar. Ou isso ou a equipa tem de começar a treinar.

– Rui Vitória. O nosso Vitalis Rotundis perdeu o balneário. Quanto mais depressa assumir que não sabe para mais, melhor. Quanto mais depressa quiser ser honrado e sair pelo próprio pé, melhor. O pior é que para ele honra é receber a choruda indemnização que um Presimente nunca lhe pagará. Félix a lateral esquerdo está ao nível de Bernardo a lateral esquerdo. Sálvio e Cervi em campo quando se pede critério e inteligência para desmontar uma defesa cerrada, é uma anedota. Voltou a levar uma lição, a terceira consecutiva, do que acontece quando se trabalha nos treinos e se tem um plano. Ele também terá um plano, o de destronar Mourinho como o Indemnizado Implacável. Só não resultará se o Presimente não quiser.
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1 comentário:

  1. "Como bom Ribatejano, Rui Vitória acredita na valia de um animal que corre a toda a brida com os cornos no chão. " - Descobri o meu novo blog favorito!

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