Para os apreciadores de futebol enquanto espectáculo, o fim de semana que passou deve ter sido o que se chama um prato cheio.
Ao nível da Bundesliga, começou com o Borussia de Dortmund a cimentar a sua liderança num jogo com sete golos e em que ao intervalo estava a perder, e que acabaria com o outro Borussia ir a Munique enxovalhar o poderoso Bayern. Tudo montado para um cenário em que a Bundesliga acabava a jornada com quatro equipa empatadas no segundo posto.
Em Inglaterra, quem gosta de futebol estava em retiro espiritual para Domingo, havendo tempo no entanto o Wolves de Nuno Espírito Santo, que continua a revelar-se uma agradável surpresa, o Bournemouth continua contra todas as expectativas a criar incómodos e já na véspera o West Ham havia sido vítima da sua incapacidade de marcar um golo apesar de bem jogarem. Para aperitivo o fim-de-semana estava a correr bem.
Chegados a Domingo, e de água já na boca, foi um fartar vilanagem. Em Inglaterra o Arsenal atropelou o Fulham, o Chelsea deu um recital em Southampton e os dois extremos do bem jogar empataram-se num jogo calculista a espaços sem nunca ser aborrecido. Entretenimento puro, foi o que se viu na tarde de Domingo na Alemanha, com o Frankfurt a dar uma facada no Hoffenheim e o Leipzig a trazer o factor golo com uma goleada à moda antiga. Em Espanha o Sevilha isolou-se na liderança. Em França o PSG vulgarizou o Lyon. Na Holanda o Ajax mostrou o que acontece quando a duas formas de querer jogar à bola se encontram e de um lado estão jogadores de futebol e do outro cones de treino.
Em Portugal no entanto, os adeptos do futebol tiveram de se contentar com um bom jogo nos Barreiros e um aceitável em Braga. Ambos ocorridos no Sábado. Porque ontem na Luz o que se jogou não foi futebol! Futevólei talvez...
A primeira vez de Rui Vitória ao Porto acontece, ironia das ironias (ou nem por isso), naquele que terá sido o pior encontro entre o Benfica de Rui Vitória e a malta dos pijamas às riscas. Foi mal jogado. Foi aborrecido. Foi um jogo que só faria sentido num campo de vólei tal o número de vezes que andou pelo ar trocada entre equipas. Foi um Clássico com três remates à baliza e em que o Porto fez um aos 5 minutos de jogo e o Benfica faz o primeiro aos 58, para San Iker dar um ar de sua graça, e o segundo, este para golo e que decidiria a partida, aos 61. Eu diria que é preciso esforço para se conseguir jogar tão mal, mas isto parece ser o novo normal. Deve ser aquela coisa do novo paradigma.
Rui Vitória, cujo apelido parece aquelas alcunhas inglesas tipo João Pequeno para um gajo que tem dois metros e pesa 150 quilos, levou o primeiro escalpe do Porto para a sua colecção. E como ganhou não falou de árbitros. Mas disse que foi uma vitória à Benfica. Não caro Rui, não foi uma vitória à Benfica. Se o Benfica jogasse à Benfica, este Porto tinha levado uma tareia à moda antiga, uma espécie de agradecimento por aqueles 5 de uma Supertaça. Isso teria sido uma vitória à Benfica. Um jogo borrado destes, fruto novamente de um chouriço nascido puramente da vontade e do querer dos jogadores, é uma vitória à "Vitória". E por muito que eu goste de ganhar, acho que está na hora de ganhar e jogar.
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+ A hora do jogo. Todos os jogos grandes se deviam jogar a estas horas. É um crime de lesa futebol que um Liga que é cada vez mais marginal empurre os seus jogos grandes para horas proibitivas porque o futebol quer-se com gente nos estádios. Não temos uma liga em que o último da tabela tem, num dia mau, o estádio meio cheio e lista de espera nos bilhetes de temporada. Temos uma liga, cada vez mais marginal, em que quem a gere não se preocupa em promover o espectáculo. O que se compreende, quando o nível entre os dois melhores é tão mau como o que ontem se viu. Mas o adepto merece mais e merece ter estes jogos a horas como as de ontem, ir para o Estádio com sol, comer a sua gordura de eleição no pão ainda com o bafo quente de fim da tarde a animar as conversas e voltar a casa a horas de poder ver os casos da partida na televisão com os putos acordados para poderem ouvir as asneiradas todas. Queremos mais jogos grandes a estas horas.
+ Gabriel. Um reforço útil para o meio campo do Benfica pela sua disponibilidade física e por um conhecimento do jogo acima da média do campeonato. Face ao que tem ao seu dispôr, dificilmente será o centro do terreno a zona onde Rui Vitória conseguirá dificultar a sua própria vida. Não que seja impossível, mas quando se pode meter Pizzi, Gabriel ou Gedson ao lado de um Alfa ou um Samaris, há sempre qualidade para equilibrar com a falta de noção. Uma coisa que facilita. Bom remate à baliza.
+ Sérgio Conceição. Foi muito útil ter um treinador do outro lado que acha que espectáculo é no Coliseu. Apesar de ser Rui Vitória o ribatejano, Sérgio é que tem uma visão ribatejana de como a equipa se deve comportar. É marrar de frente até partir. Apesar da expulsão de Lema, o seu ponta-de-lança (romba) fetiche foi presa fácil para o argentino. E para Alfa. E para Rúben. E para quem quer que disputasse com ele um duelo, até Grimaldo. Merece nota positiva deste Benfiquista por começar o jogo com Tiquinho e Marega a titulares, Corona e Óliver no banco e o espanhol nem ter saído de lá.
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- Sálvio. Na óptica do facilitar a vida ao adversário, Sálvio foi titular. Faria sucesso no Porto de Conceição não é um elogio, é insulto, e seria isso mesmo que Sálvio faria. Lento a decidir, horrível no passe, foi o melhor defesa do Porto. Grande parte da porcaria que o jogo passou pela necessidade de meter a bola em Sálvio e de como Sálvio quis participar no jogo mesmo em zonas do terreno que não a sua. Que tenha feito os 90 minutos é um insulto a quem gosta de futebol.
- Iker Casillas. Aproveito o facto de agora ter este espaço para desejar que Casillas torça os pulsos e fracture os dois pés antes de cada jogo na Luz. Lembro aquele jogo em que Casillas sozinho ganhou na Luz, no ano do último tri, ou no ano do tetra em que impediu novamento sozinho o Benfica de ganhar a partida. E se o ano passado o Herrera foi a tempo de fazer mossa é porque San Iker lhe havia possibilitado essa possibilidade. Quando ontem, depois de uma primeira parte em que deveria ter sido obrigado a pagar bilhete, defende aquele remate de Gabriel tive medo que San Iker tivesse novamente aparecido na baliza grande do Estádio do Sport Lisboa e Benfica. Felizmente Seferovic encontrou o buraco no queijo para meter a bola lá dentro e assim evitar mais herreradas. O Benfica, para evitar dar o protagonismo ao guardião espanhol optou por não fazer mais nenhum remate, o que foi inteligente.
- O jogo. Qualquer adepto quer que o seu clube ganhe. Não importa se o faz com um golo de rabo num ressalto de um chutão que bateu numa bola anatómica de um adversário. Portanto não confundam estas críticas todas com insatisfação com o resultado. Mas a verdade é que o jogo de ontem deveria envergonhar todos os intervenientes. A começar pelo árbitro, sobre cujo trabalho nos comprometemos aqui a não comentar, e a acabar no adepto que acha que ontem foi um grande jogo. Não, não foi! Ontem foi um jogo em que o treinador vencedor deveria ter dito o cliché "mais satisfeito com o resultado do que com a exibição", mas não foi isso que disse. E vimos ainda o treinador derrotado deixar implícito que foi prejudicado pela arbitragem, quando quem viu o jogo terá visto outra coisa. Não vimos, nem ouvimos, nenhum interveniente dizer que o jogo foi mal jogado porque nenhuma equipa o quis jogar. E quando as duas melhores equipas em Portugal fazem isto, podemos mesmo admirarmo-nos de perdermos relevância na Europa do futebol?
No Clássico deste domingo, o FC Porto saiu derrotado (1x0) do Estádio da Luz e permitiu que o Benfica assumisse a liderança da Liga NOS.
ResponderEliminarDepois do apito final, na flash interview aos microfones da Benfica TV, Sérgio Conceição fez a análise à partida frente ao Benfica e considerou que o empate seria o resultado mais justo.
«Foi um jogo competitivo, com duas equipas que se conheciam bem a anularem os seus pontos fortes. A primeira parte foi equilibrada, tivemos situações em que podíamos ter definido melhor. Na segunda parte, o Benfica foi mais forte nos primeiros 25 minutos, houve a defesa do Casillas, mas depois da expulsão, e antes, chegámos com perigo a baliza adversária. Podíamos ter empatado o jogo, que era o resultado mais justo», analisou o técnico portista.
O treinador dos azuis e brancos, que também deixou elogios à prestação de Fábio Veríssimo, revelou que este desaire teve algum impacto no seio de uma «equipa que está habituada a ganhar».
«Não gostamos de perder. A derrota criou algum impacto porque estamos habituados a ganhar, mas o campeonato é longo e vamos ser competitivos até ao final. Podíamos ter feito mais para ganhar. Estamos desiludidos por não termos dado uma boa resposta, mas vamos lutar pelo campeonato até ao final», rematou.
Boas tarde Dr. John,
EliminarInfelizmente os Dótôres do International Board ainda não instituiram a derrota dupla em caso de maus tratos da bola.
Este jogo deveria gerar jurisprudência.
Estimados cumprimentos Dótôr John,
Picareta Oceano