sábado, 6 de outubro de 2018

 

O Fim do Fim do estilo?

Como o estaleiro fecha aos fins de semana, tivemos que pedir a alguém que goste de trabalhar para escrever alguma coisa.

Assim sendo, recorremos a habilitado outsourcing, neste caso, ao OliverTorres:


O fim do fim do estilo?

30 de Junho de 2010 – Joan Laporta deixa de ser presidente do Barcelona. No seu currículo leva 4 ligas e 2 Champions League e, como momento mais icónico,  uma escolha: Pep Guardiola como treinador da equipa principal, contrariando a escolha consensual de José Mourinho.
Para o seu lugar chega Sandro Rosell, vencedor incontestado das eleições do clube, e representante de uma viragem no rumo seguido pelo clube (o candidato apoiado por Laporta ficou em último nas eleições).

2 de Julho de 2010 – A nova direcção decide retirar o título de “Presidente honorário” a Johan Cruyff alegando que o cargo viola os estatutos do clube e que é “anti-democrático”.
27 de Abril de 2012 – Pep Guardiola anuncia a decisão de deixar o cargo de treinador do Barcelona alegando, como principal motivo, o cansaço. Há rumores de que a relação com a direcção e com alguns jogadores é a principal causa desse cansaço.
Para o seu lugar serão posteriormente contratados Tito Vilanova, Tata Martino, Luís Enrique e Ernesto Valverde.

6 de Junho de 2015 – Xavi Hernandez, talvez o jogador mais inteligente que já vestiu a camisola blaugrana, faz o último jogo pelo Barcelona, na final da Champions com a Juventus. Encerra o seu ciclo levantando pela 4ª vez o troféu. No entanto, há muito que a sua despedida do Barcelona vinha sendo “forçada” por um treinador que já não o compreendia. O Barcelona jogava um futebol com mais vertigem e transições rápidas, que gostava de médios com capacidade para correr muito e que fizessem a bola chegar à frente o mais rápido possível. Médios como Rakitic, não como Xavi. Xavi não acelerava sempre, não corria sempre. Acelerava quando entendia que o jogo pedia isso, não precisava de correr porque sabia onde tinha de estar e quando lá precisava de chegar. Xavi tinha o seu estilo, o estilo que nasceu da cultura de La Masia, o Barça já tinha outro.

Gradualmente o Cruyffismo e o tiki-taka foram sendo arrancados do coração do Barcelona. A nova direcção rompeu com Cruyff, rompeu com Guardiola e rompeu com La Masia (que criou Xavi, Puyol, Pique, Busquets, Iniesta e Messi). Escolheu treinadores como Tata Martino e Luís Enrique - Um que mal sabia dar um treino; outro que sabia mas que optou por enterrar, época após época, todas as bases do jogo de posse que Pep Guardiola tinha deixado.
Escolheu jogadores como Rakitic, André Gomes, Paulinho e Arturo Vidal
A queda do Barça foi lenta e gradual. O Barça continuou a ganhar, continuou até a golear o principal rival. É natural, continuou a ter o melhor jogador da história do futebol na equipa, rodeado de alguns jogadores de alto nível.
No entanto, alguns sinais “estranhos” começaram a surgir. Viu um Atlético de Madrid, que nada mais faz do que correr desalmadamente em campo, tirar-lhe um campeonato em casa; viu um Rayo Vallecano tirar-lhe a posse de bola pela 1ª vez em 317 jogos, viu-se a ser encostado e até goleado por equipas que antes eram facilmente atropeladas e mal tocavam na bola durante um jogo e, viu-se a cair cada vez mais cedo na Champions, muitas vezes depois de humilhações e demonstrações de incapacidade históricas.
Viu o estilo ruir até ao ponto em que o estilo era “só” Messi.


3 de Outubro de 2018 – O Barça desloca-se a Wembley para defrontar o Tottenham de Pochettino, uma das equipas mais bem treinadas da Premier League. O Barça, treinado por Valverde, chega a este jogo após três jogos seguidos sem vencer na Liga contra equipas do meio e fundo da tabela. Chega envolto num mar de críticas à incapacidade da equipa para controlar os jogos e para criar ocasiões de golo, apontadas essencialmente a um treinador que recorrentemente renuncia à bola e que opta por um perfil de jogador tecnicamente limitado mas fisicamente imponente. No fundo, as mesmas críticas que vêm surgindo nos anos transactos.
No entanto, e até contra as expectativas do novo “cão de caça” da equipa, Arturo Vidal – que até a amigos próximos teria anunciado que ia ser titular – Valverde coloca a titular um miúdo brasileiro de 22 anos – Arthur Melo.





O que se seguiu foi uma das exibições mais fabulosas de um médio do Barcelona nos últimos anos. Estamos habituados a ver Messi e Iniesta (até à época passada) a brincar com a bola e com os adversários, estamos habituados a ver Busquets iniciar a construção com os olhos sempre colocados dentro do bloco adversário. Não estávamos era já habituados a ver um jogador a querer ter bola como eles querem e a gostar dela como eles gostam.

Arthur tem pormenores assombrosos: os passinhos e orientação dos apoios para receber a bola já virado para onde deve ir; a recolocação imediata como opção para receber após dar o passe; o descaramento com que guarda a bola mesmo estando a ser agarrado e pontapeado pelo jogador que está na pressão, com total confiança de que não a vai perder; ou aquelas voltinhas, as deliciosas voltinhas, com que confunde a marcação e temporiza o passe para o fazer só no momento que sabe ser o certo. As comparações com Xavi entendem-se. Xavi está num patamar talvez inalcançável talvez, mas Arthur tem-lhe o estilo. Este Arthur tem de e vai crescer ainda mas a maior esperança, de todos os que amam o Barcelona ou são saudosistas do velho estilo, é a de que seja o Barça a crescer com o Arthur. A de que quem manda, seja Valverde ou seja Bartomeu, perceba que é com jogadores como Arthur que o Barça poderá voltar a ser a equipa mais controladora, mais dominadora e mais temida no mundo. Porque foi com jogadores com este estilo que se tornou grande.


P.S. Noutro campo, bem mais próximo, diz-se que um menino como o Arthur voltou a fazer 20 minutos de excelência. Voltará a ser suplente no próximo Domingo, certamente. O clube onde joga, desde o topo até à base da estrutura acredita que não é com “Arthures” que se ganham campeonatos. Nessa casa não há espaço para “voltinhas”, só para alta “rotação”.

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15 comentários:

  1. Prefiro o Alfa Semedo, é mais retilíneo no seu jogo.

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    1. Toda a gente sabe que o Battaglia é que é bom! Qual Arthur pah!

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  2. O que é mais estranho nesta merda toda - e que me faz deixar aqui este comentário - é que eu até concordo contigo em quase tudo. Mas,ó diabo,o teu texto é uma confusão do caralho e, como diria o outro, o diabo está nos detalhes.
    Vamos por partes:

    Prólogo - Os principais inimigos - entre aspas, claro - do Barça não são os madridistas, são alguns culés. Porquê? Simples, porque são incapazes de elaborar um discurso lúcido, lógico e coerente sobre as razões pelas quais a perda da hegemonia futebolística dos catalães é mais aparente do que real. No futebol existem dois (os puristas, ou picuínhas, diråo três, mas quer a World Cup, quer a Champions são, pelo menos na sua fase decisva, apenas uma Taça) formatos competitivos: Campeonato e Taça. Os primeiros são ganhos, quase invariavelmente ( nos anos 90 em Portugal tivemos campeões movidos a fruta e café com leite, mas isso é outra história, não é futebol para levar a sério nem interessa a nenhum menino Jesus que tenha a felicidade de viver para lá de Badajoz) pelas mais consistentes e melhores equipas. Já os segundos têm uma componente aleatória muito difícil de controlar. E não preciso de elencar os motivos, pois não?

    1-Rosell, infelizmente, preocupou-se mais com o extra-futebol do que com o futebol. Neste, trouxe o melhor do mundo depois de Messi: Neymar - já não foi mau.

    2- Essa merda da retirada do estatuto de presidente honorário a Cruyff tem a ver com o feitio retorcido do holandēs, não com uma pretensa, e alucinante, da tua parte,negacão de herança futebolística (ou, como diria o demente de Setúbal, football heritage. Bonito.).

    3-Pep fez o que bem entendeu. Ponto final.(Não te esqueças que a Liga 2011/12 foi ganha no Parking do Camp Nou. Impotência de Pep, apenas. Perante o puto amo que era - e continua a ser - Florentino. )

    4- Por uma questão apenas de honestidade intelectual, quando falas em André Gomes e etc. podias falar também em Chigrinsky ou lá como caralho se escreve o nome deste perna-de-pau.

    5-Menos com Arthur, menos. E mais com Coutinho e Dembelé. E Malcom, também.

    6 - Óliver? Olha, prefiro Saúl.

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    1. Ora bem, é provável que o meu texto seja, como tu dizes, "uma confusão do caralho". Mas parece-me que no teu comentário, tu é que estás bastante confundido. Ou se calhar não estás, estás é a tentar-te armar em parvo.

      Para começar, eu não disse que o Barcelona tinha perdido a hegemonia em Espanha. Disso, no entanto, que a tinha porque continuava a ter o melhor jogador da história na equipa. E posso acrescentar, porque os rivais adoram escolher treinadores fraquinhos como Benítez, Juande Ramos ou Zidane. Deixou de a ter por ter o melhor modelo de jogo em Espanha, passou a tê-la porque tinha a maior qualidade individual.

      Depois, os teus pontos:
      1 - Da mesma forma que o trouxe, ele foi-se. Pelo caminho, deixou uma excelente época culminada com a Champions e outras em que ficou mais célebre pelas picardias com adversários e viagens ao Brasil para o aniversário da irmã do que pelo futebol que jogava. Algo também inimaginável noutros tempos. Tempos em que, por exemplo, Ronaldinho foi à vida dele por não saber ser profissional.

      2 - O Rosell retirou o título de presidente honorário ao Cruyff no dia seguinte a tomar posse como presidente. Foi literalmente a primeira coisa que fez. Depois disso, Cruyff reagiu mal e continuou a ser crítico e as relações foram-se tornando cada vez piores. Associar isto ao mau feitio do Cruyff demonstra uma ignorância tremenda sobre a situação em si e sobre as críticas "on point" que o Cruyff foi fazendo.

      3 - Sim, Pep fez o que bem entendeu. E então? Entendeu que já não se sentia bem ali.

      4 - Não é uma questão de honestidade intelectual. É mesmo uma questão de tu seres limitado intelectualmente e não entenderes que num texto em que se fala de Xavi e de Arthur, se está a comparar as contratações de jogadores para a mesma posição que foram feitas entretanto. Sim, o Pep falhou contratações. Falhou o Chigrinsky. Mas o Chigrinsky até era uma contratação que fazia todo o sentido. Era um central que era reconhecido pela boa técnica e capacidade de sair a jogar. Depois revelou-se um flop mas o perfil que o Pep procurou foi de um central para o seu futebol de posse.

      5 - Mais Arthur, muito mais. E menos disparate de se pensar que se por se gostar de Arthur não se pode gostar dos outros.

      6 - Oliver, sim. Mas eu prefiro gajas, por acaso.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. "... é provável que o meu texto seja, como tu dizes, 'uma confusão do caralho' - por fim a lucidez, camarada Vitalis. Muito bem. Mas a lucidez, essa enguia, desaparece, quando não juntas Mourinho a Benítez, Juande Ramos e Zidane. E tampouco aparece,a galhofeira, quando referes que "Deixou de a ter [a hegemonia] por ter o melhor modelo de futebol em Espanha".Qual é o melhor modelo de futebol em Espanha? Aquele de uma equipa que passa um jogo com 64% de posse de bola e, apesar disso, não consegue fazer um remate enquadrado com a baliza de Oblak? Deixas-me dar uma gargalhada? Obrigado, dei muitas.

    1 - Deixou, pelo menos, 3 (2014/15, 205/16 e 2016/17) excelentes épocas. E prestou um tributo a Cruyff imitando Romário e viajando para o Brasil.(Imitação essa que só é inimaginável na tua cabecinha.)

    2 - Associar o fim do estilo do Barça à destituição de Cruyff desse cargo de araque é que revela uma ignorância pedestre e um analfabetismo luminoso. Além de má-fé, obviamente.

    3 - Pep? Sim foi embora, é um facto - talvez porque percebeu que não era ele que tinha de lutar, fora do campo, contra Florentino&Zequinha. Porque, dentro do campo, chegava bem para eles, como sempre. (Talvez seja o único aspecto em que estejas, mesmo sem saberes, mais perto do diagnóstico correcto.)

    4 - Talvez tu precises de passar a ver mais futebol, jogos completos, e menos resumos. E deixares de ser demagogo, também ajuda, claro. Eu também gosto de Arthur (e olha que tenho a certeza de que já vi mais jogos dele do que tu), mas como sou intelectualmente honesto, o Píndaro que existe em mim só escreverá odes ao Arthur do Barça daqui a algum tempo.

    5 - A tua icapacidade intelectual tem uma vantagem, concedo: leva-te a descobrir disparates onde eles não existem; e isso, como sabes(?), tem um potencial de risota não despiciendo.


    6 - Preferes gajas? Fico satisfeito, mesmo que essa preferência seja por acaso.

    7 - Vitalis, camarada, já pensate- atendendo a que parece beberes mais vinho do que água - seres coerente e trocares Vitalis por, sei lá, Cabeça de Burro? Era porreiro, pá.

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    1. Convém o ler o texto Dótôr, no início o Dótôr autor está identificado.

      Obrigado por comentar.

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    2. hehe já ele não se identifica e toda a gente sabe quem ele é.

      Caro parvo não sei quê (não me dei ao trabalho de ir pesquisar o resto do teu nome), um conselho apenas:
      trata esses traumas e ódios todos. Fazem-te mal.
      Quando os tratares e quiseres discutir futebol e só futebol, pode ser que eu tenha mais paciência para ti.

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    3. Eheheh. Perspicaz. E psiquiatra ainda por cima. Agora só te falta aprender o que é cultura táctica. Com o Renato, não com o Herrera.

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  5. Convém aprenderes a iscreber, Ingenheiro. Eu apenas dei uma sugestão - e de borla - : o Rui Vitalis poderia mudar o nome para Sérgio Cabeça de Burro. Ficava até a ganhar, tornava-se DOC.
    Obrigado eu, ó Paramés.

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    1. Não é o Paramés Dótôr, é o Clímaco.

      Sempre fui fan dos Jogos sem fronteiras, fazíamos surubas internacionais como nunca se viu.

      Quanto a tornar-se DOC, o Vitalis já é, tal o calibre do publicador do texto.

      Quanto ao escriba, é bom moço e vendeu-se por uma sande de torresmo.

      Um abraço Dótôr,
      Picareta Oceano

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    2. Ó Picareta, tu fazias mesmo surubas, pá? Mas só por acaso - como a preferência do Cabeça de Porco pelas gajas - ou de forma sistemática, mesmo à séria?
      Um abraçu para ti também, leão.

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  6. Foda-se, vamos mas é acabar com estas peleias entre culés e pessoas de bem e dar atenção ao drama que o nosso Cristiânus Cunaldo está a viver, caralho. Impõe-se criar uma corrente, para potenciar ainda mais a galhofa que é viver num País como Portugal. Já tenho até uma hastag [sic] e tudo:#cunaldovaiparamarrocusqueporcugalnao temerece.

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    1. É você, Dótôra Kátia Aveiro?

      Adoro o seu instagram, volte sempre.

      Picareta Oceano

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    2. Tens bom gosto, picaretinha. Aparece aqui em Gramado para cumeres as minhas francesinhas, gato. Já estou até úmida só de pensar. E já criei outra hastag: #euqueropicaretinhanofiófó

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