sexta-feira, 12 de outubro de 2018

 

O que é essa coisa do talento?

Boa tarde, estimados leitores!

Estive uns dias internado com uma crise de urticária provocada pelo clássico Benfica - Porto e depois, com erupções, pruridos e outras maleitas, provocadas pela "exibição" do Sporting frente ao Nakaj... Portimonense.

Em conversa num fórum de interessados por esta coisa de jogar à bola, surgiu uma pergunta: Como é que vocês definiriam talento?

Houve diversas respostas, todas elas válidas, incluindo buscas a dicionários, mas, enquanto estava a lavar loiça mais porca que os estilo de jogo dos 3 grandes, tive uma pequena epifania:

Num desporto colectivo, todos os intervenientes dependem uns dos outros. É válido em equipas com menos elementos, mas no futebol, devido às suas regras e ao número de jogadores, essa dependência assume uma vertente ainda mais exacerbada.

Assim sendo, e querendo contribuir para a discussão no dito forúm, retorqui que "talento é a colocação de todas as capacidades (atléticas e cognitivas) de um determinado atleta ao serviço do colectivo em que está inserido".

Obviamente que esta dissonância gerou uma pequena conversa, na medida em que a separação do talento individual do colectivo onde está inserido é perfeitamente justificável, mas o verdadeiro talento é sempre, na minha opinião, aquele que faz melhorar o colectivo, independentemente de fazer sobressair ou não o indivíduo em questão.

Na altura dividi o jogador de futebol em 3 tipos de talentos e explico:

1) Zero Talento:

- O jogador que, independentemente de possuir uma ou outra capacidade (ser muito rápido, muito forte ou marcar bem bolas paradas), não consegue, ao longo de 90 minutos, tomar decisões suficientemente correctas que ajudem os seus colegas e, por conseguinte, a equipa, a ser melhor.

- Um exemplo muito claro do ZERO TALENTO é este estimado mamífero, já aqui abordado anteriormente:



Esta imagem não é inocente, porque, apesar de "ir a todas", "ter intensidade" e bater muito, seja na bola, seja na canela dos jogadores, o Dótôr Battaglia é uma nódoa, na medida em que a sua tomada de decisão está algures entre a de uma alforreca e um manatim. Piora, de sobremaneira, o colectivo do Sporting, notando-se a diferença na qualidade de jogo, por exemplo, de Gudelj quando joga com este senhor ou com o Dótôr Petrovic, que não é grande espingarda, mas pelo menos não atrapalha.

2) Falso Talento:

- Esta é a categoria mais polémica, na medida em que se destina a jogadores que, apesar de possuirem uma série de características que o poderiam tornar um grande talento, apenas buscam a visibilidade própria, sem terem qualquer tipo de interesse pela evolução positiva do colectivo em que se inserem.

- O exemplo mais consumado do falso talento é Ricardo Quaresma:




Ricardo Quaresma tem competências técnicas de um nível estratosférico, uma aptidão física de um predestinado e, ao longo da sua carreira, tem conseguido ser marcante em diversos jogos, tanto no seu clube como na Seleção Portuguesa.

"Oh Oceano, porquê um falso talento pah? Está burro?".

Estimado leitor mais picareta, Ricardo Quaresma executa 2 jogadas boas por jogo e perde 35 vezes a bola de forma irresponsável, expondo a sua equipa à sua falta de compromisso perante o colectivo.

Apesar de toda a sua qualidade técnica, o Dótôr Quaresma faz duas coisas durante o jogo, ou quer fazer o centro para o golo do "avançado que lá estiver" ou o "golo de bandeira que vai aparecer em 900 compilações de youtube".

Como estamos numa época em que pouco futebol se vê, onde os resumos imperam, Quaresma é percepcionado como um grande jogador, quando a sua forma de jogar "vou para cima deles, fintar tudo e espetar a bola para a área" é, na realidade, prejudicial em todos os colectivos onde se inserem.

Não é à toa que Quaresma falhou sempre que a exigência subiu, foi a grande estrela no Porto e é a estrela no Besiktas, mas, tanto no Bacelona como no Inter foi um rotundo fracasso.

Existem diversos exemplos de falsos talentos, como Salvio, como Taraabt ou até como Vidal.

3 - Grande Talento:

Esta será a categoria mais fácil, engloba o top dos Tops do mundo futebol e/ou campeonato onde se inserem.

Para mim, o exemplo acabado do grande Talento é o Dótôr Andres Iniesta:


Mais uma vez, não é inocente a escolha do vídeo acima.
Iniesta nunca ganhou prémios individuais de relevo, nunca foi visto como candidato para Bolas de Ouro, etc... Tudo, repito, TUDO no seu jogo era com o intuito de melhorar a situação em que se encontra.

Notem como o nível dos seus colegas no Vissel Kobe, bastante mais baixo que o que encontrou no Barcelona, sobe exponencialmente a cada bola que recebem de Iniesta, são bolas de golo atrás de bolas de golo, em óptimas condições de finalização, de construção e de criação.

Tudo em Iniesta é a minha definição de talento, a colocação da sua visão, da sua técnica, na capacidade mental associada à reacção à perda de bola (isso sim, a verdadeira intensidade), ao serviço do coletivo para que a equipa, enquanto conjunto, progrida em busca de mais golos marcados e menos sofridos.

Era em Iniesta que estava a pensar quando o meu comparsa perguntou "o que é o talento", porque Iniesta é fazer dos outros, à sua volta, muito melhores do que aquilo que são.

Talento, na realidade, rima com altruísmo.

Iniesta é Altruísmo.
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13 comentários:

  1. Apoiado, camarada nédio.

    Marco António Gosta

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    1. Bom dia Dótôr Gosta,

      Gosto que apareça, é de manhã que começa o dia.

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    2. Picaretinha, hoje já surubaste?

      Marco António Gosta

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    3. Não Dótôr Gosta,

      As sobras ficaram para o Dótôr Futre.

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    4. Picaretinha, é só para dizer que admiro muito a tua intrepidez: é de cabra macho escrevinhar sem sequer saber o que é o vocativo. E, convenhamos, dá vontade de rir.

      Marco António Gosta

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    5. Dótôr Gosta,

      Tivequinveredar pelo futebol profissional em tenra idade.

      Intrepidez foi ter ido para a Real Sociedad em tempos de revolução.

      Ria Dótôr, a vida são dois dias, com este blog são 3.

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    6. Eu rio, picaretinha, eu rio. E eu menezes, também. Mas, acima de tudo, picaretinha, eu gosta. Marco António Gosta.

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    7. Dótôr,

      Aconselho vídeos do Avelino Ferreira Torres, fica mais bem servido.

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    8. Picaretinha, vou seguir os teus cuncelhos - tu até podes ser burro, mas não és das antas.

      Marco António Gosta

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    9. Picaretinha, o Artur futre; tu, ne foutre pas, pois não?

      Marco António Gosta

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  2. Fantástico texto, concordo em absoluto.
    O Iniesta nunca ter ganho uma bola de ouro é provavelmente uma das maiores injustiças do futebol.

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    1. Bom dia Dótôr Verde,

      Concordo meu caro, vivemos na ditadura dos Opta's e Skwakas ou lá como é que isso se chama.

      Mas a far-se-à justiça a esta lenda.

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  3. Injustiça é o Acosta não ter uma estátua. Mas disso falaremos em breve!

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