Tenho por crença que o futebol de alta competição pode ser equiparado a qualquer profissão altamente especializada que haja. Ser jogador de alta-competição é em tudo equiparável a ser magistrado, médico ou engenheiro. Isso quer dizer que, para lá de se ter uma apreciável paixão por aquilo que se faz, é necessária uma constante aprendizagem, é necessário dominar todo um rol de domínios e ter uma vontade férrea por nos mantermos no topo. Olhando para o mundo em nosso redor, dificilmente aceitamos que um qualquer interessado pela lei possa ser juíz aos dezoito, nenhum médico é deixado numa sala sozinho com um paciente aos dezanove e não há engenheiros contratados para sozinhos liderarem um projecto aos vinte.
Seria importante que a sociedade futebolística olhasse a formação com o mesmo sentido de exigência com que a sociedade civil olha algumas das profissões que lhe servem de pilar. Quando olhamos o êxodo de talento que os anos da troika nos trouxeram, não se vê ninguém a queixar-se tanto dos estudantes que partiram como os que se queixam dos profissionais qualificados que se foram.
No início desta temporada, ao rumor de que Renato Sanches poderia estar de volta, uma larga maioria dos benfiquistas regojizou-se. Houve até quem dissesse que era o casamento perfeito entre aquilo que o Bulo precisava e o que o Benfica precisava. Não me contava nesses grupos. Enquanto Benfiquista não percebo a utilidade de Renato para o grupo, não via sequer a posição dele como aquela que no meio mais precisava de reforço e para lá disso qualquer acordo de cedência faria o treinador do Benfica dotar Renato de um Red Pass Relvado que minaria quer outros jogadores mais evoluídos quer a evolução de outros produtos do Seixal.
O grupo no qual me conto é aquele que defende que Renato Sanches apenas pensou na sua conta bancária quando se transferiu para o Bayern Munique há dois anos e tem pago em reputação e falta de minutos esse pensamento. Foi pois com surpresa que o vi incluído no lote de jogadores convocados para a recente dupla jornada da Selecção, até atendendo a que em quatro jogos oficias do seu clube este ano, Renato conta com zero minutos entre o tempo de jogo ou de banco e não acabou a época transata no outro clube, por lesão.
Recuemos dois anos. Renato é um jogador que privilegia o físico em detrimento da técnica, em idade ainda de júnior e que se afirma num Benfica que cavalgaria (o verbo não é inocente) nas suas costas para um tricampeonato que lhe fugia há quase quarenta anos. A sua capacidade de, com a bola nos pés, comer metros e furar linhas adversárias era impressionante. No entanto Renato era um jogador júnior. Enquandrando com a abertura do texto, Renato era o estudante de enfermagem que, colocado em ambiente hospitalar no seu primeiro ano, começa a revelar alguns dotes para arte. Daí até ser deixado sozinho num quarto de hospital...
Só que Renato é também um jogador que demonstra uma gritante incapacidade de jogar sem bola e um egoísmo que o toldam para o facto de ser o futebol um jogo colectivo. Renato cria problemas à sua equipa que só a inteligência de quem o rodeia (Fejsa, Gaitán, Pizzi, Jonas, Mitroglou) permite disfarçar e transformar no rolo compressor que deixaria Jesus a lamentar-se de com um recorde de pontos, lá da agremiação onde trabalhava, não ter sido campeão.
Poderemos especular o que teria sido Renato treinado por Guardiola. Só que por alturas da contratação de Renato, já era do domínio público que dificilmente Guardiola permaneceria na Baviera no ano seguinte. O que fazia do destino de Renato uma incógnita significativa. É que o Carlo "Coppa di Parma" Ancelotti não tem nem metade das qualidades de quem susbtituia (algo que é verdade em mais do que um clube), e ainda menos no que a ensinar putos diz respeito. Acreditar que Renato com as debilidades que demonstrava ao nível do conhecimento do jogo somaria minutos a titular numa das mais tácticas ligas do Mundo só seria possível por alguém em coma alcoólico durante os festejos do tri, especialmente quando a concorrência incluía entre outros Joshua Kimmich, Arturo Vidal, Thiago Alcantâra e Xabi Alonso. O prémio Golden Boy que ele receberia nesse ano depressa se tornaria num Golden Beer...
Não há muito a dizer sobre os dois anos seguintes da carreira de Renato. Frustrado em Munique no primeiro ano, em que surpreendeu os adeptos pelo quão mau era, seria emprestado ao Swansea no segundo ano. Lesões complicadas, uma delas quando um treinador que o acarinhava se dedicava a apostar nele, hipotecaram a sua progressão. Ora a este nível esperar que um futebolista evolua sem jogar é semelhante a esperar que um estudante de medicina se torne neurocirurgião de elite sem nunca entrar num bloco operatório. Não acontece.
E chegamos à convocatória da selecção. Não sei que evolução teve o Renato, que outros não tenham demonstrado, para chegar lá. Os minutos que lhe deram serviram para mostrar mais do rapaz que gosta de jogar à bola que o Benfica despachou para a Baviera do que um jogador de futebol. Dizer que com Renato em campo a Itália ganhou metros no terreno é só o princípio de conversa. Conversa essa que terá outro tópico na dificuldade acrescida de Portugal em passar os Alpes com Renato em campo.
O que impede então Renato de se afirmar ao mais alto nível? Poderemos falar de vários factores, como um aconselhamento deficiente, ou de como o facto de ser mais forte do que os colegas nas escolinhas lhe permitiram ultrapassar etapas sem ter de desenvolver a mente. Mas sendo na mente que reside o principal problema de Renato, ele não advém dos estímulos a que foi ou não sujeito, ele advém da deficiente preparação mental de Renato para a alta competição. Como podemos ver isso? É ver em que se destacou Renato nos dois anos desde que saiu da Luz. Brilhou nos eventos da Paulaner e brilhou nas redes sociais. Indo ao ponto da falta de noção de lançar uma linha de emojis personalizados no dia seguinte ao clube onde (não) jogava ser despromovido! Não será demais extrapolar isto para aplicação deficiente no treino e uma frustração acrescida por não lhe ser reconhecida toda a sua genialidade. Que ainda manifeste, ao fim de dois anos em duas das mais fortes Ligas do Mundo, a incapacidade de saber onde se posicionar, indo com tudo a todos os lances, sem se importar com os espaços que abre nas suas costas é um aspecto. O outro é o extremo oposto, retirar-se do jogo com demasiado medo do que pode acontecer, não arriscar passes de ruptura sacrificando assim boas jogadas da sua equipa. No Bayern é este último modo que manifestou na pré-época. E terão sido essas as virtudes que Jorge Men... Perdão, Fernando Santos admirou ao ponto de convocar um jogador que tem zero (0000) jogos oficiais esta época, precisa de se adaptar rapidamente ao seu clube e que mal jogou a época passada por lesões mal curadas.
Mas Renato ganhou um prémio Golden Boy! Pois ganhou e como outro qualquer estrela do liceu acho que com o 12º ano a sua vida tinha atingido o pináculo e não valia a pena esforçar-se mais. Foi pena que Renato tenha adoptado Balotelli por referência e não Ronaldo, Ibra ou Messi. É que reconhecer que a capacidade de trabalho e abnegação dos maiores da nossa era é o que os faz enormes e transcendentais é o primeiro passo para se perceber como um jogador com potencial se torna um grande jogador. Ou de como um Golden Boy evolui para ser um Golden Player e não um Pirite Boy.
Conversas no Andaime
O que tweetam os pedreiros
Mestres-d'Obras
Rebites populares
Armário de ferramentas
#tbt
100
2008
Abel
Abel Xavier
AC Milan
Acuna
Acuna Matata
Adepto
Adrian
AEKSLB
Aeroplano
aguarrás
Ajax
Alcochete
Alfa Metemedo
Almeidinha
Altruísmo
Amor ao clube
André Almeida
André Silva
Anti-Matéria
árbitro de baliza.
Arrombar a porta apertada
ARSSLB
Liga Europa
Manta Curta
3 Centrais
Artur Semedo
Assembleia Geral
Ataque
Atlético Madrid
axioma
Barbosa
Battaglia
BAYBEN
BCool
bela merda
Benfica
Benfica B
Bernardo Silva
Bétis
Beto Acosta
Betoneira
Bigodelhas
bilhetes
Bitaites da Betoneira
Blessing
blogs
BOASLB
Boavista
bojardas poéticas
Borja
Braga
Brahimi
Brunalgas
Bruno Carvalho
Bruno Fernandes
Bruno Gaspar
Bruno Lage
Bruno Varela
campeão do mundo
Cão raivoso
Carlos Queiroz
cata-vento
cepos
Cervi
Cervio
César Prates
Champignons
Champions League
chave
Chaves
Chico Geraldes
Chiquinho
Chouriço
Cicciolina
Circo
claques
classe
Clássico
Clubismo
CodecityBSADSLB
colectivo
Coliseu
comentadores
comentário rápido
Comissões
confuso
consistente
Conti
Conversadandaime
Convidados de luxo
coragem
Corchia
cordial
Corrupção
Cristiano Ronaldo
Cristo Redentor
Cruzabol
Curtas
Daniel Ramos
Danilo
De Francesco
Delegados
Derbi Eterno
Dérbi Eterno
Derby
desrespeito
devaneios
di Francesco
Diaby
Die Hard
Direito Divino a Ganhar
Djaló
Domingo Desportivo
Domingos Duarte
Dortmund
Douglas
dragarto
Ebuehi
ecletismo
Eduardo
Efeito Borboleta
eleições
empate
Enke
Era do Caralho
Erwin Sanchéz
Espectáculo
Estatutos
estrume
ética
Europa
Exigência
expulsão
farts
Fator X
FCP
fechadura
Feirense
Felipe
Ferro
festejos
Final
Final da Taça
final de época
Florentino
Frederico Varandas
frutista
Fusão
futebol e sociedade
Futebol Português
Futsal
futuro
Gabriel
Gabriel Alves
Gamarra
GDCSLB
GDN
Gedson
gegenpressing
gelado na testa
Gelson
génio
Ghazaryan
Gladiadores
GNR
Goleada
Grimaldo
Hamlet
Haris Cepovic
Hera da estratégia
Heróis Injustiçados
Herrera
Hoffenheim
Homem do Jogo
Hora da bucha
Hugo Maccron Miguel
Iker Casillas
Ilori
Impensável
Inconseguimento
Iniesta
injustiça
Inverno
investimento
Jardel
Jesualdo
João Félix
João Vieira Pinto
Jonas
jorge fonseca
Jorge Jesus
Jorge Mendes
Jorge Sousa
jornais
José Mota
José Mourinho
José Peseiro
Jota
judo
Júlio César
Karsdrop
Keizer
Keizerball
Keizerflop
Klonaridis
Klopp
Krovinovic
lagebol
lageflop
Lagismo
Lahoz.
Leipzig
Lema
Leveza Liedson
LFV
liability em forma de central
Liga dos Campeões
Liga Europa
Liga Portuguesa
Liga Portuguesa;
Liga Portuguesa; Nani;
Lille
Lito Vidigal
Liverpool
lixo
Ljubomir Fejsa
Lo Celso
Lucho González
Luzes do Seixal
Lyon
maluqueira
Mão Cheia
Marcel Keiser
Marcel Keizer
Marega
Marítimo
marretas
mediocridade
Mercado
Ministro
modalidades
modelo de jogo
Mónaco
Montero
Moreirense
MORSLB
mote
Mozer
música
Nagelsmann
Nani
Natal
Nélson Semedo
Neto de Moura é corno
nojento
NSFW
Nuno Tavares
O treino nem é o mais importante
Obra Adjudicada
Odysseas Vlachodimos
OKOKOK
olimpo
Oliver Torres
Óliver Torres
Omega Metemedo
Ontem Vi-te no Estádio da Luz
oração
Os Silvas
Otávio
Parceiro Preferencial
Partizans
Paulinho Santos
Paulo Bento
Paulo Fonseca
Peseirada
Peseiro
Pica d'Aço
picareta
picaretas
Picaretismo
Pissi
Pistolas
Pizzi
Placa de Xisto
Plantel
Pneus Recauchutado
pó caralho
Poborsky
Pochettino
Podcast
Poesia da boa
politicamente correcto
POLPOR
Populismo
Porto
Portugal
Pos-Lage
Pré-época
prémios 2018
Presidentes
Presimente
Preud'homme
Primavera
Professor Bombo
Protesto
Qualidade
Quaresma
Queen
Quique Setien
rabolho
Rafa Silva
Rafa Silva
Rui Costa
Arsenal
ARSBEN
Liga Europa
Rafael Leão
Rafizzi
Raul de Tomas
RDT
Red Pass Relvado
Rei desta merda
Renato
Resultadismo
Revista1906
Ricardo Gomes
Rio Ave
Rodrigo Tiui
Rogério Alves
Roma
RTP
Ruben Amorim
Rúben Dias
Rúben Neves
rubrica
Rui Barros
Rui Chouriço
Rui Jorge
Rui Mendes
Rui Monteiro
Rui Vitalis
Rui Vitória
sábado
Sacchi
SAD
Sálvio
Samaris
San Iker
Santa Clara
Sasno
saudinha da boa
SCP
SCPSLB
Se fosse fácil
Secretário
Seferovic
Selecção
Sérgio Conceição
Setúbal
Shakespeare
Shakthar
SLB
SLBDNZ
SLBFCA
SLBFCB
SLBFCP
SLBMAR
SLBMOR
SLBRBL
SLBSCP
Soares
Sol
Souness
Sporting
Sub-empreitada
superliga
Superliga Europeia
Supertaça
Svilar
Taarabt
Taça da Liga
Taça de Portugal
Talento
Taraabt
televisão
tesão
Tesoura a Pés Juntos
Tomás Tavares
Tondela
TONSLB
Tottenham
treinadores
troglodismo
tweet
união
urbano
Valdo
Varandas
Vardade
Varissimo
Vergonha
Vieirismo
Vietto
Villareal
Vinicius
Vinnie Goals
Vitalismo
Vitória Guimarães
Vlachilar
Volley
Voodoo Child
VSC
VSCSLB
William Carvalho
Wonder Woman
wrecking ball
Xistrema
Yoda
Yuri nao Cervi
Yuri Ribeiro
Zé Mota
Zé Soutien
Zivkovic
0 martelanços:
Enviar um comentário