quarta-feira, 1 de julho de 2020

 

Quo Vadis Benfica

O momento no Benfica é de reflexão. Com a saída de Lage sucedem-se nomes em catadupa e, com a possível exclusão do Manchester City da Champions, só me admira não ter ouvido ainda falar do empréstimo de Pep durante a duração da proibição.

Falar em nomes no entanto é fácil. E é fácil atirar nomes para o ar e depois virmos dizer que correu mal. Eu sei, porque os elogios e os insultos ao Lage estão escritos por aí e é fácil de ir buscar. Neste momento no entanto o Benfica tem dois problemas para resolver que condicionam todas as escolhas que se possam fazer para orientar a equipa.

O primeiro problema é a direcção. Qual o projecto da direcção para o clube? O que parece evidente é que a direcção não olha para o clube como tendo o desporto como negócio principal. Ou melhor, não olham para o futebol como sendo o principal negócio. Isso pode ser devido a vários motivos, ou por falta de capacidade de investimento, o que vai contra toda a propaganda de largos anos, ou por falta de conhecimento. Há a terceira hipótese de ser por negócios com futebolistas serem negócios que se prestam a esquemas de lavandaria financeira, mas vamos, por enquanto deixar esse de lado.

Ora, a consequência dos dois primeiros pontos, em separado ou em conjunto, é que fica difícil o Benfica conseguir um plantel com qualidade para chamar treinadores de nomeada. Mais difícil ainda, chamar treinadores de nomeada e competentes. Isto limita muito. O Benfica bem pode andar a ligar para os desempregados, mas quem olha para as últimas quatro participações do Benfica nas provas da UEFA, compreende que para esta direcção a Europa não conta. E portanto, na hora de ir buscar um treinador, pedem o normal mais a taxa de se poderem estar a queimar.

O aspecto seguinte é mesmo o plantel. Revi há tempos o jogo que o Benfica de JJ perde no Dragão com o golo do Kelvin. Muitas coisas podem ser ditas. Mantive uma discussão com malta do estaleiro em como do Benfica nenhum jogador seria titular naquele Porto (e por naquele entenda-se naquele jogo), só para me dizerem que dificilmente Matic e Garay ficariam no banco de qualquer uma das duas equipas. Ora, isto de opiniões já se sabe que são como rabos, mas o que é factual é que olhando para o Benfica de hoje, ao nível exibicional que têm estado, nenhum jogador seria titular naquele jogo. E relembro que Ola John e André Almeida eram a ala esquerda titular do Benfica!

Urge portanto definir primeiro o que é o negócio principal do Benfica. Se ser um entreposto de jogadores, se um clube desportivo. É que a forma de gerir um e outro são diametralmente opostos, e os objectivos de gestão não são compatíveis. Só aí poderemos falar sobre quem queremos para treinador. Porque nem todos estão dispostos a virem para cá para terem a direcção sistematicamente a sabotar o seu trabalho e a sua imagem.
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