Foi uma grande vitória a que o Benfica conseguiu no Bessa mas impõem-se que se comecem os elogios por outro lado.
Comecemos pois por justamente homenagear o Boavista e o seu treinador Lito Vidigal. Como se sabe a mística aqui do Estaleiro fazemos questão de elogiar as picaretas futebolísticas do nosso futebol. Depois do que se viu ontem, o nosso silêncio para com o que o Boavista faz seria só injusto.
Poucas equipas terão em tempos recentes conseguido conjugar tal mistura de desprezo pelo jogo e pela integridade física do adversário como este Boavista e nesse sentido uma palavra amiga para a dualidade de critérios que Jorge "Super Dragão" Sousa demonstrou ao longo de toda a partida. Quando vemos o que o Boavista faz em campo e vemos que estão em 5º na tabela classificativa pensamos que merda de Liga é a nossa e quão protegido é este bando de hooligans? É de todo inaceitável que este Boavista a jogar desta forma acabe partidas com 11 em campo. Até 10 é inacreditável, mas a julgar pelo que Jorge Sousa mostrou ontem, a realidade deve ser mesmo essa e o ex-super dragão deve estar longe de ser o único conivente com esta espécie de MMA na relva.
Quanto ao jogo foi uma vitória justíssima da única equipa que procurou jogar futebol. E se noutras ocasiões o termo futebol teria de ser interpretado num sentido mais abrangente, como por exemplo futebol americano, neste caso é mesmo do desporto rei que falamos.
O Benfica começou bem a querer jogar e a ver todas as suas saídas a serem assassinadas à partida por entradas com graus de periculosidade variante, mas que ora passavam em claro ora nem admoestação mereciam. E o espanto maior nesta fase é como a equipa se recusava a alinhar no cruzabol tão presente em vários momentos negros. Aliás, a jogada rápida em que Vinnie Golos abre o marcador mostra uma saída rápida, um passe longo (e não um chutão para a frente) e uma recepção e finalização de exxxcelência. Sim, meti três xizes só para mostrar o quão pornográfica foi a jogada! O único espanto para todos os que seguiam a partida é como o árbitro não anulou o golo para assinalar uma falta sobre Cervi.
Com o golo de vantagem o Benfica remeteu então ao modo "dar uma hipótese". A verdade é que aquele modo de chutão na frente fez uma aparição e os neandertais do Bessa chamaram-lhe um figo. Com o jogo a ser remetidos aos duelos físicos por bolas pelo ar, veio ao de cima a vontade bovina dos do Bessa marrarem em tudo o que fosse vermelho. E sujeito a transições rápidas por perdas de bola evitáveis, as fragilidades do processo defensivo do Benfica vieram ao de cima e são ilustradas na jogada do golo do empate.
A verdade é que aquela seria a quarta, para não dizer sexta ou séptima, vez que o Boavista tentava aquela jogada. Chamar a equipa do Benfica para a sua esquerda, bola longa num extremo bem aberto, Tomás Tavares sem uma gotinha de noção, extremo para dentro, Pizzi batido pelo seu movimento, Ruben Dias a por dois avançados em jogo e Ferro a controlar aquela gaja boa na bancada, Vlachodimos a não medir bem os tempos de saída e golo fácil do Boavista.
Na segunda parte e a perder, porque um empate naquelas condições era uma derrota, o Benfica voltou ao modo jogar à bola. Só que mais uma vez, depois da vantagem, o Benfica entra em modo oferecer jogo ao adversário. Durou pouco no entanto. Após um susto ou outro, lá voltou a normalidade e os pitbulls adversários já não tinham a frescura do início da partida.
Terá sido a melhor partida em tempos recentes, mas isso diz mais da merda que temos andado a jogar do que propriamente termos feito um jogão. Com a equipa fora da Champions e tremida na Taça da Liga, a verdade é que Lage começa a entrar no modo que realmente gosta, o de ter poucas coisas por que lutar e nos cingirmos apenas aos mínimos olímpicos. Alimenta, mas não satisfaz.
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+ Vinnie Golos. Golos. Movimentações. Bem ligado com os colegas. É isto que se diz por aqui de Vinicius desde os 5 minutos que fez na primeira jornada. Se Lage lesse mais o Estaleiro, sofríamos todos menos.
+ Taraabt. Fundamental a dar equilíbrio na hora de defender, primeiro construtor de jogo, como gostamos de boa construção por gajos gordos e amigos da pinga, temos de o meter aqui. Mas muito contrariados! ;)
+ Chiquinho. Tanta porrada levou. Tanta, tanta, tanta porrada levou, porque só assim aqueles calhaus com pernas do Bessa é que conseguiam travar a magia que traz. Elo perfeito entre Pizzi e Vinnie Golos, quem quer futebol no jogo do Benfica gostará dele. Ganha o lugar aqui a Pizzi pela porrada que levou.
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– Tomás Tavares. Foi mau que dói. Lá para o fim lá teve uma ou duas incursões pelo meio campo das batatas de xadrez que fazem alguns esquecer que nunca soube controlar o seu lado na hora de defender, e passou a maior parte do jogo a não dar soluções no ataque. Nota-se que passou da piscina dos pequenos para o lago dos tubarões. É para evitar merdas destas que há uma equipa B. Está na merda colectiva que dá origem ao golo da vantagem Trauliteira.
– Jorge Sousa. Que real monte de esterco com um apito na boca. Dualidade de critérios aberrante, a perdoar uma expulsão por vermelho directo e, a fazer fé no critério para amarelar jogadores do Benfica, mais umas quantas por acumulação. O seu critério para arbitrar faltas do Boavista foi assim: se é só falta não marca, se é para amarelo assinala, se for para vermelho dá amarelo.
– Lito Vidigal. Equipas que não jogam como este Boavista não joga, deviam ser corridas para o campeonato do Inatel. Não me fodam. Elogiar Lito Vidigal é não ter noção.
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