sábado, 28 de setembro de 2019

 

Palminhas, palminhas... Palminhas é lá o caralho!

Um erro técnico no armazém, motivado por um ambiente pré aniversário, fez com que o contentor onde se guardou o último episódio do podcast esteja neste momento a repousar no fundo da Fossa das Marianas, donde se erguerá um dia quando os sete selos tiverem sido quebrados e as sete trombetas tiverem soado.

Só que até lá torna-se necessário ir desabafando. E o volume de trabalho amontoado no gabinete da construtora é muito. Vamos lá então cortar a eito e este condomínio fechado ficará uma bonita vivenda sem telhado isolado.

Se estou com uma vontade de atalhar texto é porque nos relvados anda-se a atalhar no futebol. Como eu disse no podcast (e vou repetir esta frase ou variações dela algumas vezes), não se joga um caralho!

Eu percebo que quando digo que não se joga um caralho, quem nos lê fica confuso. Afinal pode-se não só estar a falar de qualquer um dos grandes, como de alguns clubes de menor nomeada como o Boavista ou o Sporting.

No caso eu falo mesmo é do Benfica. E falo do Benfica porque o mal que se joga remete para o pior do Vitalismo. Na melhor das hipóteses atravessamos um período de Vitalismo Esclarecido. Na pior é mesmo um Renascimento Bombista.

E não se pense por um instante que venho para aqui queixar-me do jogo frente ao Leipzig. Face às condicionantes, o Benfica até terá feito o seu melhor jogo da época. Pelo menos a primeira parte teve mais esforço em jogar futebol por parte do Benfica do que todos os jogos depois ou antes e a insistência bombístíca limitou-se a um período de 20 minutos na segunda parte. Tudo o resto foi incapacidade do Benfica justificada pelas condicionantes.

E quais as condicionantes? Para começar e acabar o plantel. O Benfica não tem plantel para almejar fazer brilharetes na Europa. Como disse no podcast, Tomás Tavares demonstrou frente ao líder invicto da Bundesliga que não só é opção para o lugar, como é neste momento a melhor opção para o lugar. Mas daí a ter feito uma exibição de encher o olho e isenta de erros vai uma grande distância. Por outro lado com a inclusão de Jota no apoio a de Tomás passou a haver uma ligação entre o meio campo e o ataque. E por aqui se ficou o que o plantel terá de bom ao nível de opções.

No lado desagradável a surpresa foi a inclusão de Cervi no lado esquerdo. Como foi dito no podcast, desta feita por um convidado especial, a ideia de levar o Argentino a jogo foi clara: ter alguém que corresse muito e para trás quando a equipa perdesse a bola. Acrescento eu que foi um falhanço pois nem o Argentino ajudou Grimaldo nas tarefas defensivas, nem a construir jogo. Talvez volte a aparecer para um jogo numa competição menor como as eliminatórias da Taça de Portugal ou a Liga dos Campeões. Fejsa foi outra surpresa, neste caso atenuada pela titularidade uns dias antes.

O jogo em si foi uma miséria para o Benfica. O Leipzig andou o jogo todo em ritmo de treino, qual gato a brincar com a comida na primeira parte para acelerar na segunda. O Leipzig teve sempre a certeza que acelerando chegava ao golo. Os dois golos surgem em duas das três ou quatro ocasiões em que carregaram no acelerador. O Benfica por seu lado viu-se sempre em dificuldades extremas para conseguir criar. Se na primeira parte tentava progressão apoiada, na segunda demorou quinze minutos a conseguir sair do seu meio campo. Jota terá sido o pior em campo para os sites das métricas. Para mim não tendo sido brilhante na execução, demonstrou que precisa de mais tempo de jogo naquela posição, com aquelas funções. E este último aspecto é o que os jogos seguintes dão a entender que não acontecerá.

Como já disse acima, o Leipzig andou o jogo todo a brincar e aquela conversa de "se tivessemos marcado" ou "foi azar levarmos os golos logo depois das substituições/quase marcarmos" é conversa que apesar de factual disfarça uma coisa que entra pelos olhos adentro: os jogadores que Bruno Lage levou a jogo não têm pedalada para o Leipzig. Foi uma derrota com sabor a vitória para todos aqueles adeptos do Benfica Europeu das vitórias morais da década de 90, porque na actual conjuntura é esse Benfica das vitórias morais o que nos resta. Quando há dois anos o Benfica defrontou o Borussia Dortmund, do plantel Benfiquista 3 jogadores teriam lugar na disputa pela titularidade do adversário (Ederson, Lindelöf e Semedo). Desafio o mais optimista a dizer quem deste plantel poderia discutir a titularidade no Leipzig!

Dos nossos laterais o único que se revelou mais ou menos eficaz, a defender e a atacar, foi Tomás Tavares. O meio campo foi incapaz de parar a construção do Leipzig. Digam o que disserem de Taraabt não consegue ser o tampão que a equipa precisa. Pode dar coisas na construção, mas não dá a defender. E emparelhado com um Fejsa que, tal como Cervi, quinze dias antes estava dispensado, temos aí a explicação para naquele jogo ter esses dois ou dois júniores ser a mesma coisa. 

Como cereja levámos um recurso ao banco que não lembra ao diabo. A entrada de David Tavares, o novo Renato, muito, mas muito mais pela clarividência que mete em cada lance e a forma como os aborda do que por parecenças físicas, teve como consequência a primeira ocasião de perigo para o Benfica. E na resposta o primeiro golo do Leipzig. A perder Lage faz o que convinha e mete mais carne no assador. O esgotado Taraabt volta ao lugar onde tinha sido ineficiente, David Tavares encosta a uma ala onde não deu nada e metemos os dois pinheiros lá na frente.

Por falar em pinheiros, não vale a pena discutirmos quem é o titular daqui para a frente, se é que havi discussão. Seferovic garantiu com aquele golo que pode falhar 50 golos por jogo que o lugar será sempre dele. Afinal é um bom pai de família (#tbt_vitalismo). Não que de Tomás tenha demonstrado apontamentos de qualidade. O nervosismo da procura do golo faz com que estrague mais do que ajuda e assim de facto fica difícil defendê-lo!

A única diferença da crónica do jogo da Luz com o Leipzig para o jogo com o Moreirense é que, no jogo em que actuou como forasteiro o Benfica nem tentou jogar à bola! Foi #cruzabol o jogo todo e um vê se te avias para conseguir ultrapassar a boa organização defensiva do Moreirense. E uma defesa em papos de aranha de cada vez que o Moreirense atacava de forma organizada. Alguém fez o trabalho de casa e não foi a equipa forasteira, e se isto soa familiar é porque era problema há menos de um ano!

Não vou comentar o jogo com o Guimarães na Luz porque só vi a primeira parte. A meio da semana, num fuso horário diferente, a família chamava mais do que aquele espectáculo deprimente. E só vi o apelo à calma no dia seguinte.

Caro Bruno Lage... Calma? Calma é o real caralhinho! A equipa não se pode bater de igual para com o Leipzig? Não pode porque para o treinador está tudo bem. É que o treinador queria era um GR novo. Para o treinador os médio estão óptimos, os avançados impecáveis e os defesas há em barda. Parece que com Lyon e Zenit a coisa pode estar mais equilibrada e teremos começado pelo segundo jogo mais difícil. Mas então contra o Moreirense temos as mesmas dificuldades em conseguir ligar dois passes?

A desculpa do plantel, que pega na Europa não explica o mal que se joga. Nem explica as opções do treinador. Não sou dos que vão buscar as exibições de Ziv há ano e meio, mas ver um Jota afastado das opções até ter renovado, ter de gramar com o Nuno Tavares a queimar em lume brando na direita e voltar a ver Jardel titular e Samaris ao meio, tudo me diz que ninguém pensou a época. E o corropio de lesões, como foi dito no podcast, que não são de impacto, é mais, muito mais do que azar. O plantel fraco pelo padrão que se exige ao Benfica e as lesões constantes são sintoma de incompetência da superestrutura que está 10 anos à frente.

Portanto calma e palminhas é lá o caralho! Se a equipas recheadas com Paredões, Leónidas e Pringles se exigia o título e que disputassem todas as eliminatórias europeias, quem são estes cabrões destes artistas para pedirem calma? Caro Bruno, quer calme, jogue à bola. Ou só consegue quando tem um fora de série?
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5 comentários:

  1. Quase tudo dito e a candidatares-te para um calduço?

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    1. Só soube do aperto depois de publicar o texto, daí não ter dedicado umas palavrinhas a tão saudável acto de aceitação da crítica. Como tantos outros, lamento que o Seixal esteja de porta aberta aos Catãos da vida, ou que haja sempre tempo para defender os Paulos que ajudaram a perpetuar os Apitos Dourados, mas quando toca ao sangue do clube...

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  2. Muito bem! Eu, devoto Lageano em crise de Fé e furioso crítico do Mister Fezadas desde o primeiro dia, tenho cada vez mais dificuldades em distinguir o futebol dos dois. E não só o futebol - também os Red Pass Relvado independentes do rendimento se mantêm...a começar pelo nosso Marega Branco, que é de longe o pior dos três e é o primeiro na hierarquia...

    Em favor de Lage, devo porém dizer que nada do que ele pediu a Vieira lhe foi dado: pediu um guarda-redes tão bom ou melhor que o Odysseas, não veio; terá pedido um segundo avançado de tipo Jonas/JF e vieram dois pontas de lança de área; pediu para ter um plantel curto de 23/24 jogadores, deram-lhe 29 jogadores...

    Com Chiquinho nas costas de Vinicius ainda podemos voltar a brilhar. Mas Chiquinho só em Janeiro, e até lá se calhar volta a lesionar-se o Vinicius...para já, Jota nas costas de Vinicius seria a minha solução para a frente.

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  3. Pelo que ele disse, do que pediu só não recebeu um guarda-redes. E se Taraabt é opção este ano é porque Lage o conhece do Benfica B, onde treinava e onde recomeçou a jogar. Está-se a ter a mesma atitude com esses excedentários do plantel?

    Jota deixou de jogar depois dos primeiros jogos até assinar a renovação, porquê? Fala-se que o Gedson terá mudado de empresário (há o rumor, cuidado!) dias antes de curar a lesão que o apoquentava, porquê? Seria interessante perceber quantas das lesões e faltas de profissionalismo do plantel são um atentado aos comissionistas e quantas são reais.

    Lage cada vez se parece mais com um deles. Tal como os seus atecessores dos últimos 11 anos, se não se precavê acaba sozinho a ter de enfrentar o Estádio. E aí, boa sorte!

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    1. Pois, a verdade é que não sei se Jota já renovou ou se Gedson mudou de empresário. Isto porque ainda não vi nenhuma das notícias...embora já tenha muitas vezes visto estas duas teorias da conspiração que tu também aqui explanas...não tenho por hábito subscrever teorias de conspiração sem que os factos que as sustentam ou invalidam sejam apurados. Embora reconheça que as duas interpretações são tentadoras, sabendo nós o que a casa gasta...

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