quinta-feira, 13 de junho de 2019

 

Rescaldo das Europeias

Passada uma semana e pouco da consagração do Liverpool como Campeão Europeu, e depois de ter visto e lido como foi a preparação da final da Champions contra o Benfica B, resolvi tocar num assunto que para mim é relevante. 

Depois de ver que no jogo de preparação contra o Benfica B o primeiro golo surge dum lance muito parecido ao que originou o penalty a favor do Liverpool no dia 1, acabei por reparar numa coisa curiosa. O lance que origina o penalty do Liverpool ocorre depois de várias disputas de bola no ar e numa segunda bola ganha, o Liverpool tira da pressão e mete logo nas costas da defesa do Tottenham. 

Comecei a pensar se, por exemplo, uma equipa mais paciente, menos vertical, como o Ajax, aquela bola entrava logo na frente ou se era um passe para o lado ou para trás para organizar e depois sim fazer o seu jogo de posse e troca de bola. E depois de ter visto a final outra vez fiquei com a ideia que foi um jogo um pouco aborrecido e mal jogado porque eram duas equipas de alguma forma iguais, onde as primeiras e segundas bolas e o trabalho sem bola tem muita importância.

Recordo uma entrevista de Klopp quando ainda treinava o Dortmund, onde dizia que Arrigo Sacchi foi a sua grande inspiração e que muito do que as suas equipas são deve-se a ele. E acaba por se perceber isso.O Liverpool faz as coisas básicas e simples do futebol extremamente bem, diria até que é a melhor nisso. E o que são essas coisas básicas e simples? Ganhar as primeiras e segundas bolas, boa ocupação da grande área, organização defensiva e contra-ataque. E depois a juntar a isto sabem o que fazer com a bola (apesar de o Dortmund do Klopp ter sido mais forte em ataque posicional) e tem uma capacidade física enorme . Tudo isto era o que as equipas de Sacchi tinham.
Aliás a capacidade física é preponderante para o modelo de Klopp.Basta ver que o meio campo titular em Madrid era Fabinho, Henderson e Wijnaldum. Nenhum dos 3 são especialmente criativos nem nada que se pareça, são sim muito intensos e agressivos sem a bola. 


Falando agora do Tottenham. Tem-se a ideia (penso eu) que o Tottenham é uma equipa de posse mas sempre tive uma ideia diferente dessa. Era sim uma equipa de posse quando a equipa adversária assim a obrigava e sabia o que fazer com ela, mas o Liverpool também teve momentos desses e não é nem de perto uma equipa paciente e de sair a jogar curto. Sempre tive a opinião que o Tottenham era uma equipa um bocadinho parecida a este Liverpool ou por exemplo o Man Utd de Sir Alex, que se sentia mais confortável quando pressionava alto e massacrava e dominava as equipas adversárias pela conjugação do vigor físico de alguns jogadores (principalmente no meio campo) e do talento de outros. 

Passado esta minha análise e reflexão, penso que depois da febre da posse e de equipas extremamente bem trabalhadas, onde todos os pormenores eram analisados e trabalhados, voltou um certo back to the basics no futebol. Com isto não quero dizer que o Tottenham e o Liverpool não são trabalhadas ao pormenor mas muito do seu sucesso vem do que exemplifiquei no parágrafos anteriores. 


Para concluir e porque se faz sempre uma reflexão quando acaba uma grande competição, será que o futebol da pressão, do gegenpressing e do contra-ataque está para ficar como ficou o futebol de posse e jogo apoiado ficou quando o Barça e a Espanha dos "anões" limpou tudo? Fica para vocês reflectirem.
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