sexta-feira, 15 de março de 2019

 

Não mandes um puto da formação fazer o trabalho de um gajo com bicos de papagaio.

Caros e caras,

Ponto prévio se alguém está incomodado porque não se revê em nenhuma daquelas formulações do adjectivo que manifesta estima, deixem-me já dizer que a vossa designação é cáries. Agora que tirámos essa treta do caminho, vamos falar sobre aquela excursão que o Jardim de Infância de Benfica fez ontem ao relvado, para acolher a EB1 de Zagreb.

Vários jogadores jogaram ontem a sua cartada decisiva. Aliás, isto daqui até ao fim, todos os jogos serão decisivos. E se tiver de dar aqui cambalhotas e pinotes, que nem um Rui Santos qualquer, para mostrar que agora é que é decisivo, fá-lo-ei. Ontem era mesmo decisivo. Com as ofertas à equipa que nem sabemos como chamar, tornou-se imperativo que os principais titulares não andem em correrias a meio da semana, mas ao mesmo tempo não podíamos ser eliminados da Liga Europa por uns gajos que têm apenas um jogador de futebol (Dani Olmo), uns quantos tanques que ficaram lá da guerra nos Balcãs e o resto são basicamente atentados contra a Humanidade Desportiva em forma de futebolistas.

Quem se queixou do queimar tempo da equipa que tem nome de sociedade no início da semana, viu ontem a necessidade de encontrar todo um novo léxico para catalogar os 70 minutos de não jogar que o Dinamo trouxe à Luz. Léxico esse que rima com corações, truta e trabalho, certamente! Confesso que nem contra um Zé Mota da vida me lembro de tanto não-jogo, tanto rebolanço, de um vento tão forte. E lembro-me de peladinhas épicas contra Marítimos, Belenenses e um Paulinho Santos a sair de maca e a piscar o olho para o banco. Com o golo de Jonas não só deixaram de se magoar tanto, ganharam uma força nos duelos que ninguém diria que estavam a ser castigados há mais de uma hora e uma incrível capacidade de tentar sair a jogar. Sempre pelos pés mágicos de Dani Olmo.

Já do lado do Benfica, Vlachodimos presentou-nos com as suas olheiras de inconformismo, abordando cada lance com a necessidade premente de afastar a bola da baliza. Se aquele momento avestruz contra os desalojados não tivesse custado pontos, até seria bom dizer que devia fazer um mais vezes. O problema é que não foi um momento e não foram só aqueles dois pontos... Na defesa Bruno Lage decidiu investir numa defesa a dois, fazendo alinhar Rúben e Ferro sozinhos, mas com alguma ajuda de Fejsa. Ajuda... Em pensamento! Já o meio campo esteve bem mais criativo do que no último jogo, ajudando imenso a que a bola chegasse várias vezes com qualidade ao último terço para um jogador qualquer da dupla atacante (Jota e Rafa) estragar a jogada, ou para André Almeida cruzar.

Então o Almeida estava a jogar e dizes que alinhou só com dois defesas? Bom, chamar à intervenção dele a participação de um defesa é esticar demasiado o conceito de defesa. Também ainda não falei do Yuri porque certamente o único parâmetro estatístico para o qual contribuiu positivamente foi o do número de espectadores na Luz!

Pegando no título desta crónica, ao intervalo o Benfica precisava de lucidez na frente e de fortalecer a transição, já que o melhor trinco dos Dinamo, aquele Alemão equipado de amarelo, ia destruindo transição rápida atrás de transição rápida. Para tal Yuri e Zivkovic, que só não merece a alcunha de Sálvio Segundo porque foi só uma nulidade e não um valor negativo, foram ver o jogo a partir do banco, dando lugar a Grimaldo e a Jonas. E logo o perigo andou vinte metros em direcção à Baliza Grande do Estádio da Luz. Mas era sempre o quase. Era sempre o bruá do quase golo. Até que ao minuto 70, ou perto disso, a bola encontra o avançado com mais bicos de papagaio do mundo e este a faz voar até se aninhar no conforto das redes da Maior Baliza do Mundo.

O golo de Jonas teve o condão de fazer desmoronar a estratégia croata, que consisitia em rebolar muito no chão, demorar muito a marcar tudo o que fosse bola parada (apesar de com mais tempo o Odysseas ter mais tempo para se concentrar na bola) e genericamente esperar que aquela hora e meia passasse depressa. Com os croatas à toa e sem saber o que fazer, o Benfica passou a ver a vantagem de se ter um Guarda-Redes que garante pontos à própria equipa e não ao adversário. Se houve um croata que merece o título de melhor em campo é o fulano que obrigou a que a equipa do Benfica numa fase crucial da época tenha tido de correr mais meia hora. E ainda por cima já com o Félix a irritar gajos que aprenderam a manusear AKs antes de chutar a bola. E que continuam a revelar mais propensão para a primeira do que para a segunda... O senhor do apito lembrou-se que tinha uns cartões e vai de dar os cartões mais ridículos a jogadores do Benfica, desde os tempos do Apito Dourado.

Com o jogo a entrar no prolongamento começavam as dúvidas se tanto futebol iria dar em alguma coisa ou se tínhamos de ir até aos pénaltis. Só que o futebol do Benfica assenta agora numa viga de Ferro que se prestou a subir no terreno e a aproveitar uma bola que fugia da grande área adversária. Com um pontapé fulminante lá a encaminhou para o ninho da bola, longe longe do alcance da luva agressora que se lhe poderia opôr. O Benfica tomava a dianteira, os Croatas despertavam para a necessidade de marcarem e agora era a vez do Benfica segurar bola e engonhar. Só que o Benfica não engonhou. Ficou lá por cima até que um croata confundiu, com toda a razão de resto, o árbitro com um colega de equipa e arranjou maneira de se fazer expulsar. Se a coisa era difícil, passou a complicada. E ainda havia de ficar impossível quando Grimaldo fez um espectacular golo. O segundo ou terceiro da época que ele faz assim de resto, portanto se calhar não foi assim tão espectacular, só banal. Na hora de dar descanso, Pizzi pôde sair dois minutos antes do fim da aula para dar lugar a Gedson.

No final Lage mostrou que na hora do aperto, cabe aos velhos resolver. Os novos deram sinais que têm é de trabalhar. E Zivkovic que tem de ver menos vídeos do Sálvio, porque é nisso que se está a tornar!

+

+ Ferro. Firme e hirto como uma barra de ferro, parece compreender que não é preciso grande choque quando se chega lá primeiro. Continuando a evoluir assim, é aproveitar o próximo ano e meio porque dificilmente ficará mais. Não que o queiramos ver ir embora, mas o nosso Presimente já deve ter um negócio qualquer com o parceiro preferencial...

+ Jonas. Marcou uma vez. Ia marcando outra. Acho que a dada altura disse que Jonas, Jota e Félix é um bocado mais do mesmo, jogadores que pegam bem na bola a partir de trás, que fazem jogar os outros, mas que quando estão juntos em campo nos tiram um pouco de presença na frente. Penso que ele começou a rematar para golo na sílaba 'fren' e o 'te' soou-me como um 'lixa-te' com F maiúsculo.

+ Gabriel. Foi um monstro. Autêntico Gabriel Karadzic para o meio campo croata. Faz jogar a equipa e agora ia dizer que com um outro Sérvio a demolir as investidas do adversário pôde-se ocupar mais dos mísseis lá para a frente. Não. Fejsa foi um espectador atento de tudo o que ele poderia ser se soubesse fazer um passe. Limitou-se a estar lá para o que pudesse vir a passar. Não tinha sido necessário. Melhor em campo do Benfica, a larga distância do resto.

– Yuri. Nível zero futebolístico, mas nível zero no sentido zero absoluto. Zero na escala de Kelvin. A personificação da esperança do mais gordo dos adeptos de um dia poder ser titular numa competição europeia no Estádio da Luz. Como já disse, e nunca é demais repetir neste caso, o único parâmetro estatístico para o qual contribuiu positivamente foi o do número de espectadores na Luz

– Zivkovic. Não foi um zero tão zero como Yuri, mas zero o suficiente para se dizer que a única coisa boa que o diferencia de Sálvio neste momento é que Sálvio tem qualidade de jogo negativa. A do Sérvio é só nula...

– André Almeida. "Eles cruzam, cruzam, cruzam e eu não os vejo a fazer mais nada" poderia ser uma citação de uma rábula dos Gato Fedorento. Infelizmente é mais uma vez a descrição de uma performance de André Almeida com o Manto Sagrado. Esteve tão bem à defesa que até Grimaldo apareceu a lateral direito com brio. Para lá de Grimaldo, Rafa, Pizzi e Gabriel também tiveram de o dobrar. Podemos sonhar que com o cansaço acumulado descansa já no Domingo e Corchia nos dá novos motivos de preocupação. É que era bom variar...
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